A greve dos funcionários e professores da USP, que teve início no dia 27 de maio, não se mantém forte apenas no maior campus da universidade, na capital paulista. Além da paralisação que vem sendo sustentada no Butantã, os funcionários e professores também buscaram se mobilizar nos campi do interior, ainda que não com a mesma intensidade.
Em São Carlos, a semana de volta às aulas contou com dois trancaços nos quatro portões do campus, nos dias 7 e 8 de agosto. Na volta às aulas em Ribeirão Preto também houve trancaço. Os servidores, que mantêm atividades sobre a greve durante o horário das aulas, ainda realizaram uma “ocupação-relâmpago” na prefeitura do campus, no último dia 13. Daian Ribeiro, do Centro Acadêmico de Filosofia (CAFi), afirma que quem está sustentando a greve lá são os funcionários. “O bandejão continua em greve, e os alimentos são entregues em quantidades específicas para as moradias estudantis”, completa. Além do restaurante, a Biblioteca Central também não está funcionando.
No mesmo dia da ocupação da prefeitura do campus em Ribeirão, os docentes da Faculdade de Direito emitiram uma carta aberta à comunidade uspiana. Nela, criticaram as medidas tomadas recentemente pela Reitoria, como o corte de ponto dos servidores em greve, e ainda afirmaram que não há negociação, muito menos um diálogo; há apenas “comunicações unilaterais que noticiam decisões da reitoria”. Por fim, citaram que os problemas que a USP vem sofrendo têm relação direta com os processos decisórios da universidade, e que o incremento da democracia é fundamental.
Já em Piracicaba, apesar do trancaço realizado pelos manifestantes, os alunos da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) voltaram às aulas depois que a Polícia Militar foi acionada para reabertura dos portões do campus. A assessoria da faculdade informou que há poucos professores e funcionários que interromperam suas atividades. No último dia 18, segunda-feira, funcionários em greve acamparam em frente ao principal prédio da instituição, buscando chamar atenção da comunidade acadêmica.
Sem trancaços, os alunos de Pirassununga retornaram às aulas, ainda que não totalmente, devido à adesão de professores à greve após o período de férias. “A greve somou ativamente cerca de 30 professores paralisados no fim do primeiro semestre, com maior adesão após o fim das aulas, e houve casos em que os professores continuaram com as aulas mas não submeteram as notas finais das disciplinas, como forma de adesão à greve”, conta Marcello Ferreira, do Centro Acadêmico Unificado de Pirassununga (CAUPi). No começo da greve, os trabalhadores do restaurante universitário pararam totalmente suas atividades, mas o setor administrativo do campus preferiu não entrar aderir à paralisação. Durante as férias, entretanto, ele permaneceu servindo refeições aos bolsistas e, com a retomada das aulas, alguns funcionários voltaram a trabalhar durante o almoço.
Em Bauru, os funcionários, que se mantêm em greve ocuparam o restaurante universitário e a clínica de fonoaudiologia da Faculdade de Odontologia, no dia 13. Após três dias de piquete, e com uma liminar de reintegração de posse concedida, eles desocuparam os prédios.
Talvez um dos campi menos afetados pela greve, Lorena sofreu uma paralisação de suas aulas e atividades no fim do semestre passado, visando, porém, questões específicas do campus, sem relação com o arrocho salarial das outras instituições. O Centro Acadêmico diz que grande parte dessa falta de mobilização no campus se deve ao fato de que uma significativa parcela dos professores e funcionários não é contratada pela USP, ainda que muitos deles já tenham tenham sido recentemente contratados pela universidade.
por CAROLINA SHIMODA