Logo após o fim da greve, buscando uma solução para sanar o déficit mensal de R$90 milhões de reais e colocar a universidade em uma melhor situação financeira, o reitor Marco Antônio Zago divulgou um plano para vender imóveis pertencentes à USP que se encontram fora dos terrenos do Campus. Dentre eles, há um polêmico terreno de 2,4 mil metros quadrados na rua da Consolação, adquiridos pelo ex-reitor João Grandino Rodas para abrigar algumas instâncias administrativas.
Na data da compra, a justificativa por parte da reitoria foi a saturação do espaço no campus. Historicamente, a reitoria tem problemas com paralisação dos seus trabalhos em razão de manifestações estudantis e trabalhistas dentro do campus. Isto coincidentemente se alinha com as intenções do ex-reitor em transferir a administração para áreas externas.
A previsão é a de arrecadar cerca de R$50 milhões com a venda de um terreno de 2.500 m² na Rua da Consolação, de um espaço de 2.800 m² no Centro empresarial paulista e, possivelmente, do 17º andar do edifício Louis Pasteur. A aquisição de todos, em 2011, custou cerca de R$35,4 milhões.
Segundo o professor Adalberto Américo Fischmann, presidente da Comissão de Orçamento e Patrimônio (COP), o dinheiro dos imóveis, caso a venda realmente ocorra, será injetado nas reservas da USP: “Hoje o problema da universidade não é com dívidas propriamente ditas, e sim com um gasto de reservas essenciais que, no atual nível de consumo, não irão durar até 2016”. Ainda segundo o professor, manter esses imóveis sob o controle da USP é irresponsável: “Com o ICMS cada vez menor, e com o aumento dos gastos, é extremamente necessário fazer essa economia. Além disso, a meu ver, não são imóveis que tenham muita relevância para a comunidade universitária”.
Para Gabriela Ferro, representante discente no CO, a compra desses imóveis faz parte de um processo de sucateamento das estruturas da USP: “Essas compras foram acobertadas por um sistema de tomada de decisões que legitima a falta de transparência e permite que a compra de prédios seja mais interessante para a reitoria do que o investimento em setores completamente precarizados da USP. Não está certo gastar centenas de milhões de reais com o que não é necessário, enquanto tem curso, como a Letras, em que faltam professores”.
Procurada pelo Jornal do Campus, a reitoria se recusou a dar um posicionamento sobre o tema pois alega que ainda não há uma previsão de data para essa discussão e consequente deliberação no Conselho Universitário (CO).
por GABRIEL LELES