Existe solução para falta d’água

A proposta do Instituto de Geologia da USP aguarda aprovação do Governo Federal para ser incluída no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Ela fará parte de um conjunto de projetos que pretendem solucionar os problemas de escassez de água que as regiões de São Paulo e Campinas enfrentam.

O Instituto analisou a possibilidade de perfuração de 24 poços artesianos na cidade de Itirapina, região de Piracicaba, onde o Aquífero Guarani pode ser acessado superficialmente. O projeto está na lista de prioridades do governo de São Paulo, e passará por avaliação de viabilidade final antes de ser posto em prática.

“O governo, buscando soluções para crise, requereu ao Instituto de Geociências que avaliasse essa alternativa definindo os custos e o tempo da implementação da rede de poços, bem como a jeito de utilizar o aquífero de forma sustentável e confiável”, explica Ricardo Hirata, professor do Instituto de Geologia e Vice Diretor do Instituto de Geociências, também   pertencente à USP.

Segundo Hirata, a dificuldade de trazer essa água para São Paulo seria em relação aos custos elevados de fornecimento a grandes distâncias. Porém, a distribuição das águas nas cidades que fazem parte da Bacia do PCJ (rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí), próximas ao local de extração, seria uma alternativa economicamente viável em relação a outras fontes hídricas e faria com que a demanda de distribuição do Sistema Cantareira diminuísse.

Cidades que serão servidas pelos novos 24 poços da bacia do PCJ

Para evitar problemas em relação ao esgotamento do aquífero, contaminação das águas, afundamento de terreno ou de corpos d’água superficiais, é preciso estudar as características do aquífero e sua utilização seja controlada através de permissões e licenças. “O mais importante é que haja também uma instância decisória pública que auxilie os órgãos públicos responsáveis pela gestão das águas, como comitês de bacias”, alerta Hirata.

Ele defende ainda que algumas prioridades devem ser estabelecidas levando em conta  aspectos ecológicos, sociais e econômicos. A extração, dessa forma, seria através de licenças com tempo de validade estabelecido paralelamente a um monitoramento rigoroso que permitisse ajustes no modelo de permissões.

O Aquífero Guarani, que já chegou a ser considerado o maior do mundo,  tem cerca de 1,2 mil km² e abrange partes dos territórios do Uruguai, Argentina, Paraguai e principalmente Brasil, onde se extende por 840.000 km², 70% de sua área total. No estado de São Paulo algumas cidades já são abastecidas pelo Aquífero: Jales, São José do Rio Preto, Lins, Marilia e Ribeirão Preto, sendo a única fonte de abastecimento desta última.

A estimativa de valor para a construção dos poços e sistema de bombeamento é de R$ 47 milhões, para extração de 1m³/s, Ainda há custos a avaliar, como as adutoras para se levar as águas do campo de poços até área de demanda e sistemas de eletrificação, entre outros.

No dia 10, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, apresentou à presidente Dilma Rousseff projeto de obras orçado em R$3,5 bilhões para reforçar o sistema de abastecimento no estado. Entre as obras, se inclui a construção dos 24 poços artesianos para extração de água do Aquífero Guarani.

Hirata informou que o tempo de contrução dos poços é de cerca de cinco meses e a estimativa de duração das obras de implementação do sistema todo é de dois anos. Porém, as cidades mais próximas à área produtora podem ser abastecidas por águas do Guarani antes desse período.

por HELENA RODRIGUES