A espera acabou: FFLCH é tri no BIFE!

Atlética supera ano conturbado, leva o ouro em cinco modalidades e conquista inter após nove anos (Foto: Paula Thiemy)

No último feriado da Consciência Negra aconteceu, em Araraquara, interior de São Paulo, a 15ª edição do campeonato interuniversitário uspiano BIFE — cuja sigla se refere às iniciais das fundadoras Biologia, IME, FAU e ECA. Após nove anos sem vencer, a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH)sagrou-se campeã, seguida pela Escola de Comunicações e Artes (ECA), segunda colocada, e pelo Instituto de Matemática e Estatística (IME), em terceiro.

A vitória deve-se ao bom desempenho obtido nas modalidades. A FFLCH obteve o primeiro lugar em cinco esportes, contra quatro da ECA e dois do IME. Vôlei, atletismo, basquete, tênis de campo e rugby, todos no naipe masculino, trouxeram o ouro para a faculdade.

A tesoureira da Associação Atlética Acadêmica (AAA) Oswald de Andrade, da FFLCH, destaca que a atenção aos esportes individuais foi muito importante. “Por exemplo, no atletismo, apesar de termos uma equipe, ela é pequena em comparação às de outras faculdades. O xadrez há muito tempo não possuía um diretor de modalidade e representatividade. Por esses motivos e tantos outros, sabíamos que os individuais precisavam de uma atenção especial e nos esforçamos ao máximo para ajudá-los”, diz Flora Cardoso.

Para Vinicius Rolim, presidente da AAA Lupe Cotrim, da ECA, o campeonato estava equilibrado. “Apesar de acreditar que poderíamos ser campeões, e termos grandes chances de isso acontecer, sabíamos que não era nada garantido e que qualquer vacilo podia nos custar o título”.

O diretor geral de esportes (DGE) do IME, Rodrigo Lima, comentou o campeonato da FFLCH. “Não esperávamos a vitória deles sobre a equipe da Geologia no basquete masculino e o título no atletismo masculino, mas já contávamos com uma boa regularidade de todas as modalidades coletivas. Portanto, o título da FFLCH não foi uma surpresa e foi muito merecido”, avalia o DGE.

A FFLCH está entre o seleto grupo de unidades que já ganharam o BIFE. O maior campeão da história é o IME, com dez vitórias. Em segundo lugar está a atual vencedora, com três títulos. Por fim, a ECA tem o bicampeonato. Observando-se o número de participantes, que são dez (FFLCH, IME, ECA, FAU, Psicologia, Geologia, Veterinária, Química, Física e Biologia), é possível notar que a quantidade de campeões é escassa.

SUPERAÇÃO

Quem vê os resultados da FFLCH no BIFE não imagina o ano difícil que a Atlética enfrentou em 2014. Em maio deste ano, os cargos da gestão precisaram ser modificados por conta de uma acusação de improbidade administrativa.

Todos os anos, a nova gestão é escolhida logo nos primeiros meses. Em 2014, apenas sete pessoas tinham interesse em participar da Atlética, devido ao histórico de desorganização e problemas financeiros. Um exemplo dessa situação foi o show da funkeira Tati Quebra Barraco contratado pela Atlética em 2012, que gerou uma dívida de cerca de R$ 30 mil para a associação.

O ano teve início com a gestão reduzida. Em uma das reuniões, falou-se, em tom de brincadeira, sobre a criação do “Bolsa Noia”, que seria uma quantia destinada à compra de drogas para os membros da Atlética. “Isso não ia acontecer, obviamente, pela situação delicada das finanças e porque seria inadmissível”, diz Fernando Farina, tesoureiro da gestão à época. Em um grupo do Facebook, falou-se que, de fato, uma pessoa havia gasto sobras de dinheiro de uma cervejada dos times em drogas.

O desvio de verba, que foi de apenas R$ 30, não tornou o problema menos grave. Um dos colaboradores contou o ocorrido para um diretor de modalidade (DM) e, então, marcou-se uma reunião extraordinária. “Poderíamos até superar esse impasse, mas com que moral continuaríamos administrando a Atlética?”, reflete Farina. O ex-tesoureiro diz que o posicionamento da gestão foi o de abrir mão de todos o cargos administrativos, o que de fato aconteceu no mês de maio. Apenas os DMs foram mantidos.

A partir de então, a associação precisou se reestruturar para não ter prejuízos nos resultados esportivos. Em seis meses, a nova gestão teve de organizar as finanças para investir no esporte. E teve êxito: o título no principal campeonato do ano. “Compreender o que se passava na tesouraria foi essencial para entendermos o que precisaria ser feito ao longo do ano, para pagarmos os diversos campeonatos de que participam nossas modalidades e para dar apoio a elas”, conta Flora Cardoso.

Para os próximos anos, a expectativa da Atlética é, além de manter os bons resultados esportivos, atrair mais gente para a AAA Oswald de Andrade, seja para administrá-la ou para entrar nos times. “A renovação é sempre importante para garantir a continuidade das modalidades e da Atlética em si. Sabemos que tem muito chão pela frente, mas também que, quanto mais esse título nos unir, maiores serão as chances de consegui-lo novamente”, completa a tesoureira.

por VICTORIA SALEMI