Arte contemporânea e artefatos indígenas compõem exposição que vai até janeiro
Em parceria com o Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (MAE-USP), o Sesc Pinheiros realiza a mostra “Adornos do Brasil Indígena: resistências contemporâneas”. Composta por peças do acervo do museu e por obras de arte contemporânea selecionadas sob a curadoria de Moacir dos Anjos, a exposição é gratuita e fica no segundo andar do Sesc até o dia 8 de Janeiro.
Espaços
Desde a fachada da unidade, feita pelo artista Nunca, até o espaço expositivo, a mostra se estende por aproximadamente 700 metros quadrados. O enfoque sobre o adorno na cultura indígena possibilitou a seleção de 201 itens do acervo do MAE. Dentre eles, artefatos de diferentes etnias e arquivos multimídia, que foram pensados para ocupar as paredes cinzas da exposição.
Já as paredes brancas, por sua vez, foram preenchidas com obras de arte contemporânea de onze artistas diferentes. Séries feitas por grandes nomes que pensam a questão indígena brasileira, como a fotojornalista Claudia Andujar e a artista plástica Lygia Pape, foram articuladas ao redor das peças do MAE.
Temática
Como o Sesc Pinheiros e a Universidade são próximos, ambos entenderam que somente trazer as peças do MAE não seria interessante. Suellen Barbosa, responsável pela programação de artes visuais do Sesc, explica que por isso foi proposta “a curadoria conjunta para formular uma articulação do acervo do MAE com obras de arte contemporânea, com Moacir dos Anjos como responsável por fazer essa seleção.”
O recorte para adornos indígenas foi feito de modo que os aspectos da resistência sociocultural dos povos pudesse ser explicitado e problematizado através das peças. “O que nos impulsionou para a escolha do adorno como eixo central deste projeto expositivo foi a perspectiva de que é um elemento cultural que pode permitir as interlocuções e as pontes entre as sociedades indígenas e as não indígenas”, conta Cristina Bruno, diretora do MAE.
Destrinchando ainda mais a temática, a exposição se subdivide em três enfoques sobre resistência: os testemunhos dela, o corpo como suporte e as celebrações indígenas. Nos artefatos indígenas, esses enfoques estão presentes tanto nas várias sociedades do passado quanto nas atuais. Já entre as obras de arte contemporânea, foram selecionadas aquelas que expressam a preocupação dos artistas com as questões indígenas.
Toda a narrativa da mostra é dos curadores, mas o Sesc aproveita a temática para dar visibilidade a um tema que eles consideram importante. “A gente espera que essa exposição se desdobre em várias atividades paralelas aqui na unidade, trazendo, por exemplo, brincadeiras guaranis para a praça”, complementa Suellen.
Parceria
A exposição é o primeiro fruto de uma parceria selada entre a USP e o Sesc. Com a duração de um ano, ela tem como objetivo principal a realização de exposições. “A parceria é voltada para a divulgação dos acervos da USP, que são riquíssimos. Ela foi pensada de maneira ao Sesc dar visibilidade a essas obras, mas buscando construir algo novo, como é o caso dessa mostra”, aponta Suellen.
Para os museus da USP, a colaboração com o Sesc pode ser muito benéfica para expandir o público de seu acervo e aumentar o número de itens expostos. “Lamentavelmente e apesar de todos nossos esforços, o MAE ainda não conta com um espaço museológico adequado e compatível para a importância do acervo que está sob sua responsabilidade e, por isso, em nossos planejamentos, priorizamos as experiências externas”, explica Cristina.
A diretora ainda comenta que acredita que a união com o Sesc seja significativa para a USP e, particularmente ao MAE, mas que sobretudo “agrega valor no que tange ao compartilhamento sobre a necessidade de valorizarmos a resistência no Brasil Indígena.”