Youtubers uspianos: conheça as histórias dos canais com mais sucesso

Segundo a revista Forbes, o YouTube, plataforma on-line e colaborativa de vídeos criada em 2005 e comprada pelo Google em 2006, ganha mais de 200 milhões de dólares por ano. Todo esse lucro se explica pelo sucesso do site: a cada semana, 1 bilhão de pessoas acessam a plataforma e, a cada minuto que passa, 400 horas de vídeos são postadas lá.

Além dos donos do site, os usuários do Youtube também podem ganhar visibilidade e dinheiro com ele. Os chamados youtubers são pessoas ou grupos que postam vídeos regularmente e falam sobre todo e qualquer assunto, criando blogs em vídeos, os canais. O dinheiro nesses canais pode vir através de merchandising nos vídeos ou por meio de parcerias com o Youtube, que funcionam a partir de anúncios que o próprio site coloca nos vídeos. Assim, um canal com 500.000 inscritos, por exemplo, pode ganhar de 6 mil a 50 mil reais por mês.

O youtuber mais famoso e mais bem sucedido do Brasil é Whindersson Nunes, comediante piauiense de 21 anos que soma mais de 13 milhões de inscritos em seu canal. Entre os maiores empreendedores brasileiros do Youtube, encontra-se também um ex-aluno da USP: Iberê Thenório, formado em jornalismo pela ECA, apresenta o canal Manual do Mundo que tem quase 7 milhões de inscritos e é o único canal educativo entre os mais vistos pelos jovens brasileiros.

Além de Iberê, outros ex-uspianos podem estar no seu histórico de visualizações. Otávio Albuquerque, conhecido como Tavião, é formado em Ciências Sociais pela FFLCH (e seu primeiro emprego foi como monitor da sala pró-aluno do prédio) e divide o canal Rolê Gourmet com PC Siqueira, além de manter seu canal pessoal, Coisas que nunca vivi (ou evitava viver). Atila Iamarino dá voz ao Nerdologia e fez sua graduação e doutorado no Instituto de Biociências. Para o biólogo, a curiosidade de pesquisador o ajuda muito na hora de formular teorias científicas acerca de objetos ficcionais, como a construção da Estrela da Morte e como funcionam as viagens no tempo. Por último, Stephanie Noelle, autora do blog Chez Noelle, também é formada em jornalismo pela ECA e é uma referência em moda no Youtube.

Curioso para conhecer a nova geração de estudantes youtubers? O JC foi atrás de pessoas que buscam no site uma maneira de se divertir, publicar conteúdo e até ganhar dinheiro. Conheça alguns youtubers da USP.

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Os irmãos Francisco e Franco Moro, estudante de Física e mestrando de engenharia do Campus São Carlos respectivamente, participam do canal QMinutosQ (Quantos Minutos Quisermos) junto com mais cinco amigos e acumularam mais de 48 mil inscritos em quase sete anos de produção.

Inspirado no programa 15 Minutos, do comediante Marcelo Adnet, o canal foi criado para que os apresentadores pudessem pôr em prática sua veia cômica e observar a repercussão para além do círculo familiar. A paixão pelo teatro e a criatividade para fazer paródias foram amadurecendo e hoje já faz um ano que o QMinutosQ lança vídeos semanalmente.

“Cada vídeo passa pelo processo de ter a ideia, desenvolvê-la, escrever o roteiro, gravar, editar, avaliar e postar. É bastante trabalhoso e ocupa nossos finais de semana e feriados. Lucrar com isso seria um ótimo incentivo a continuar produzindo conteúdo”, conta Francisco, que alerta os jovens youtubers ambiciosos: “Quem começa um canal pensando em ganhar dinheiro pode se decepcionar facilmente”.

IFSC e EESC • Inscritos: +48k • Vídeo mais visto: Desafios de Bar com Everson Zoio

Untitled-10Tempero Drag

A cada semana um prato diferente, mas a personagem sempre a mesma. O canal do ator e estudante de letras Guilherme Terreri Pereira, ou melhor, de Rita Von Hunty, mistura uma performance drag queen, entrevista e aula de culinária a cada vídeo.

O canal foi inaugurado no ano passado em um evento para fãs de Rita e já soma 18 mil inscritos. “O Tempero Drag tem um pouco do Mais Você, do Programa da Palmirinha, do programa da Julie Child e, é claro, existe uma veia autoral e muito humor nonsense da crítica de costumes”, explica Guilherme.

Como muitos shows de televisão (ou Youtube) fazem, apenas receitas veganas entram no vlog, porque Rita segue essa dieta rigidamente. Outra diferença é a personalidade da youtuber, uma drag queen com atuação profissional e única: Rita é uma dona de casa com 16 filhos, casada, com excelente talento para COzinhar (com O, ela enfatiza) e sem papas na língua. De acordo com Guilherme, para levar à frente um canal “é importante ter em mente qual é a frequência que os vídeos serão postados. Apesar da liberdade da internet, o público ainda tem uma reminiscência da lógica da TV”.   FFLCH • Inscritos: +18k • Vídeo mais visto: Please don’t stop the mousse

cmyk_Minha Vida literáriaMinha vida literária

Quando Aione Simões começou se aventurar no youtube, ela já tinha uma boa ideia de como é lidar com a blogosfera. A base de leitores da autora do blog Minha Vida Literária começou a migrar rapidamente para o canal do Youtube, e hoje Aione o considera muito mais conhecido do que o blog que lhe deu origem. “O número de pessoas que me acompanham é muito maior hoje em dia, e o vínculo entre nós se fortificou. Os vídeos aproximam as pessoas de nós [youtubers], e elas acabam criando laços afetivos justamente por nos acompanharem. É muito bacana e gratificante receber o carinho dos leitores”, conta a estudante de Letras.

Com a mudança de plataforma, o projeto pessoal agora demanda muito mais tempo e planejamento até chegar aos seguidores de Aione, e o canal no Youtube disputa atenção com a graduação. Inevitavelmente, a estudante resenha e comenta algumas leituras da faculdade, que despertam o interesse de muitos vestibulandos que querem cursar Letras.

Para Aione, o Minha Vida Literária foi fundamental para escolher sua atual carreira. A estudante estava cursando o último ano de Nutrição quando decidiu que faria Letras, assim que possível, por seu amor à literatura. “Se não fosse o Minha Vida Literária, talvez eu não estivesse aqui hoje.”

                                                                                                    FFLCH • Inscritos: +15k • Vídeo mais visto: BookShelf Tour – Parte 1

CMYK_a matemaniacaMatemaníaca

“Oi, bonitos”; é assim que Júlia Jaccoud inicia seus vídeos em seu canal “A Matemaníaca”. Lá, ela fala de educação e, em especial, de matemática, sua paixão e seu curso na USP. Para ela, o Youtube ajuda em seu sonho de fundar uma escola: “Acredito que é uma plataforma que pode democratizar a educação”.

O canal começou em 2014 por um desejo de Júlia de continuar em contato com seus alunos de estágio do Instituto de Matemática e Estatística (IME). Ela não conhecia o potencial da plataforma, só possuía uma câmera e noções básicas de fotografia. Hoje, ela tem mais de 11 mil inscritos em seu canal, ganhando até dinheiro com merchandising e monetização de vídeos. Porém, números não importam para ela: “Um comentário falando ‘você me ajudou’ já é o pagamento do mês.”

Apesar do impulso inicial, ser aluna da USP não ajudou muito a Matemaníaca. “O IME é muito ciumento e quer todo o nosso tempo, então é difícil ter tempo para o Youtube”, brinca. Além dessa dificuldade, ela enfrentou quase um ano com menos de mil inscritos, por isso ela aconselha aos novatos na plataforma “Só vai! Não pare de fazer conteúdo.” IME • Inscritos: +11k • Vídeo mais visto: Como é ser Engenheiro Mecânico