Atletas elogiam diversidade no Ranking de Tênis

Prática de tênis no CEPE-USP (Foto: USP Imagens/ Marcos Santos)

O Ranking de Tênis de Campo da USP é um projeto de sucesso na Universidade por uma série de fatores. Um deles é a diversidade de seus atletas. Podem participar alunos (de graduação ou pós-graduação), ex-alunos, professores, funcionários e dependentes de todas essas categorias, sem restrição de idade. Com isso, no quadro de atletas se encontram homens e mulheres, jovens e os de mais idade, que competem juntos.

Criado pelo professor de tênis do Centro de Práticas Esportivas (Cepe) Thales Bon em 1983, o longevo ranking tem desde o início a ideia de estimular a prática regular do esporte e o aperfeiçoamento técnico dos atletas. Para isso, seu regulamento promove partidas entre jogadores de nível técnico semelhante — sempre um seguinte ao outro na classificação — e determina que o perdedor, em vez de ser eliminado, apenas perca posições. “O trabalho é muito produtivo, está sempre girando, sempre entrando gente nova, e entra todo tipo de pessoa”, diz Thales.

Hoje, o ranking geral lista 143 atletas, dos quais 16 são mulheres, sendo que seis entraram neste ano. Delas, a mais bem colocada é a ex-aluna da Escola Politécnica (Poli) Raquel Ocampo Almeida, na 49ª posição. No ranking feminino, ela é a líder. “Até uns dois anos, quase não havia mulheres. Acho que em geral elas não colocam a disputa no ranking como uma prioridade, sempre têm outras coisas a fazer. Aqui tem umas quatro  ou cinco que são mais competitivas”, avalia a tenista. Por essa razão, ela diz preferir jogar no ranking geral, onde há mais competitividade e mais jogadores experientes.

Com 53 anos de idade, mais de 20 anos de tênis e cerca de 15 disputando no ranking da USP, Raquel afirma ser muito competitiva, mas hoje joga descompromissada. “Só quero ter alguém com quem jogar no final de semana, não me preocupo com a posição em que estou no ranking, nada disso. Além do mais, quando avalio que não tenho chances de vencer uma partida contra um homem muito forte, por exemplo, não me desgasto à toa.”. Ela garante que sua experiência impõe respeito. “A molecada tem um certo medo de jogar comigo, pois sabem que sou muito persistente quando quero ganhar”.

Dos 42 novos inscritos no ranking, cinco têm pelo menos 50 anos. É o caso do estudante de Letras na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) Roberto Satoshi Numada, nascido em 1957. O experiente novato tem até aqui 3 jogos e 3 vitórias, e saltou da 123ª posição para a 98ª. “Foram partidas contra gente mais jovem, mas que eram iniciantes ou estavam enferrujadas”, releva. Agora, o bônus que obteve com as vitórias consecutivas permitirá a Roberto desafiar adversários mais difíceis. Mas ele não se preocupa: “gosto de praticar esportes, e o ranking é bom pois posso jogar com pessoas de estilos diferentes, mas estou aqui mais pela integração, não faço questão de ganhar”.

Outro veterano é Eulálio Toledo, de 71 anos, aluno do professor Thales numa turma para maiores de 50 anos. Há três anos no ranking, ele diz que ficou impressionado com a estrutura do Cepe quando conheceu o centro e decidiu começar as aulas de tênis, esporte que joga há uma década. “O clima na turma com o Thales é de muita amizade e companheirismo, é diferente do ranking, onde tem pessoas extremamente competitivas. Para mim é difícil jogar com essa ambição, a idade pesa. Brinco com a música do Roberto Carlos: ‘o importante é que emoções eu vivi’”.

Eulálio já tem 22 partidas no ranking, e ocupa o 86º lugar. Embora admita que já conversou com Thales a respeito da criação de uma competição separada para jogadores acima dos 50 anos, vangloria-se de seu último jogo, no final de semana retrasado: “joguei com um professor da São Francisco, que tinha por volta de 35, e ganhei”.

Para ele, a pluralidade entre os competidores, seja na idade, no estilo de jogo ou nos objetivos na disputa, é também um dos pontos altos do ranking, o que Thales confirma. “Temos muitos funcionários, muitos professores, muitos ex-alunos, é gozado que o que menos temos são estudantes”, diz o professor. “Mesmo assim, hoje quem lidera o ranking é um menino chamado Rafael Leal Lima, aluno do 3º ano da Poli, invicto há quase um ano”.