Ponte Cidade Universitária corre risco de “colapso iminente”

Caso fosse interditada por algum motivo, milhares de uspianos seriam prejudicados para chegar e sair do campus
Além da Ponte Cidade Universitária, outras cinco estruturas da capital também correm risco de cair (Foto: Beatriz Gomes)

Por Larissa Vitória

“Continuarei a usá-la pois, apesar de perigosa, é o melhor caminho possível da minha casa até a faculdade”, diz, conformada, Gabriela Gonçalves Garrido, aluna do curso de Ciências Sociais na Universidade de São Paulo (USP) sobre a Ponte Cidade Universitária. A estrutura é uma das seis pontes e viadutos da capital paulista com “risco de colapso iminente” de acordo com um relatório técnico elaborado pela Secretaria de Infraestrutura e Obras e divulgado pelo jornal Folha de S. Paulo.

Muito utilizada por alunos e funcionários da USP vindos de cidades da Grande São Paulo como Osasco, Carapicuíba, Barueri, Jandira e Itapevi e bairros próximos da capital, a ponte permite que pedestres e motoristas atravessem o Rio e a Marginal Pinheiros. Sua estrutura é integrada à estação Cidade Universitária da CPTM, parte da Linha 9 – Esmeralda, que vai de Osasco até o Grajaú, na Zona Sul da capital.

A segurança dessa travessia, porém, não é das melhores. Rachaduras, armaduras de ferro expostas e infiltrações são alguns dos exemplos de “patologias” – assim são chamados tecnicamente os danos observáveis na Ponte Cidade Universitária. Além dela, outras cinco estruturas da capital também correm risco de cair: pontes Eusébio Matoso e Cidade Jardim, viadutos Gazeta do Ipiranga, Grande São Paulo e General Olímpio da Silveira – as duas primeiras afetariam diretamente quem chega e sai da USP.

Motivos
A degradação de pontes e viadutos, estruturas chamadas, tecnicamente, de Obras de Arte Especiais (OAEs), está diretamente relacionada a quatro fatores, conforme explica Ciro José Ribeiro Villela Araújo, engenheiro e pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT).

“Seja de concreto, madeira ou metal, a deterioração está vinculada à idade que a estruturas possuem, ao uso à qual foram projetadas, à exposição ao meio em que se encontra, como regiões urbanas ou litorâneas, e à falta de atividades de manutenção”. A Ponte da Cidade Universitária, por exemplo, foi inaugurada há 51 anos e tem 478 metros de extensão.

Além das patologias facilmente observáveis a olho nu na estrutura, como as rachaduras profundas e grades de segurança corroídas, existem ainda outros problemas que são ressaltados em condições específicas do clima. Quando há muita chuva, comum no verão paulista, os desníveis do piso e inexistência de um sistema de drenagem eficiente ocasionam a formação de poças de água que ocupam toda a largura da passagem de pedestres.

Melhor prevenir…
Para evitar que ocorram casos semelhantes ao do viaduto que cedeu em novembro do ano passado em São Paulo, é essencial um trabalho prévio de inspeção e o cumprimento da manutenção. O viaduto está localizado a apenas uma estação de distância da Cidade Universitária. “Os trabalhos de manutenção devem estar associados ao conhecimento da origem do processo de deterioração para que seja possível utilizar tratamento adequado às anomalias observadas”, indica Araújo, que também é chefe da Seção de Engenharia de Estruturas do IPT.

A Seção foi responsável pela elaboração de um relatório, feito a pedido do Ministério Público, das partes que não foram afetadas no viaduto da Marginal Pinheiros. “Além da diminuição da vida útil, a falta de inspeções e manutenções periódicas gera elevados custos aos cofres públicos. Graças ao mau estado de conservação, as obras requerem manutenções e intervenções emergenciais que ocasionam altas despesas em reparos”, ressalta o pesquisador.

No caso da Ponte Cidade Universitária, a Secretaria de Obras e Infraestrutura divulgou, em 30 de janeiro, por meio da Imprensa Oficial, a contratação emergencial de empresa privada para a realização de inspeções na estrutura. Perguntada pela reportagem do Jornal do Campus a respeito do nome da empresa contratada, a Secretaria não respondeu até o fechamento desta edição.

Para Jhony Garcia, aluno de Relações Internacionais na USP e usuário da Ponte Cidade Universitária há quatro anos, uma possível interdição da estrutura representaria cerca de uma hora e vinte minutos a mais no trajeto entre a faculdade e sua casa, que fica a aproximadamente 40 quilômetros de distância.

“O caminho alternativo eleva o meu tempo de viagem em 40 minutos ou mais, na ida e na volta. A interdição causaria um prolongamento no trajeto que, consequentemente, faria com que eu perdesse um tempo que poderia ser dedicado aos estudos ou ao meu descanso”.