A volta do Rock in Rio em meio à incerteza da pandemia

Festival de música ocorre entre 2 e 11 de setembro de 2022 e pode coincidir com novo surto de Covid-19

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por Pedro Ferreira

Pessoas em uma plateia estão de costas e com mãos levantadas, enquanto, no palco, uma intensa luz alaranjada é emitida.

 Foto: Tijs van Leur/Unsplash

 

A 9ª edição do Rock in Rio foi anunciada para os dias 2, 3, 4, 8, 9, 10 e 11 de setembro de 2022 no Parque Olímpico da Barra, no Rio de Janeiro. Um dos maiores festivais de música do mundo teve suas datas adiadas devido à pandemia de Covid-19, anteriormente marcadas para setembro e outubro de 2021. A expectativa de retomada dos grandes festivais gerou entusiasmo, mas também preocupação em meio à imprevisibilidade do cenário pandêmico no ano que vem.

Os sete dias de evento terão cerca de 250 shows e 670 artistas, que se apresentarão nos palcos Mundo, Sunset e New Dance Order. Entre as atrações já confirmadas, as bandas Iron Maiden, Megadeth, Dream Theater e Sepultura abrem o festival no dia 2. Post Malone, Jason Derulo, Alok e Marshmello se apresentam no dia 3. Justin Bieber, Demi Lovato e Iza sobem ao palco Mundo no dia 4, enquanto as cantoras Ivete Sangalo e Dua Lipa se apresentam no dia 11. 

O festival também terá apresentações de dança, jogos e experiências radicais, como tirolesa, mega drop, montanha russa e roda gigante. A venda de ingressos começou no dia 21 de setembro deste ano e se esgotou em menos de 1h30.

Plateia durante o Rock in Rio de 2015, com braços levantados e luzes azuis verdes e amarelas ao fundo.

Show no Rock in Rio 2015. Foto: Alexandre Macieira/Riotur

 

Em nota, os organizadores do Rock in Rio afirmam que ainda é cedo para estabelecer quais protocolos de biossegurança serão adotados no festival devido à incerteza quanto ao desfecho da pandemia. Apesar disso, dizem-se confiantes nas resoluções sanitárias previstas para os próximos meses e se comprometem a seguir rigorosamente as determinações dos órgãos competentes.

Em sua última edição, o evento reuniu mais de 700 mil pessoas em seus sete dias de programação. 

As projeções para a pandemia no ano que vem

Com o avanço da vacinação entre a população adulta e a consequente diminuição do número de casos e mortes, o retorno de eventos culturais e atividades presenciais é divulgado com otimismo por empresas e políticos. A prefeitura do Rio de Janeiro planeja realizar as festividades do Carnaval durante 40 dias a partir de janeiro do ano que vem. Mas, segundo especialistas, o cenário é incerto. “O problema de uma pandemia dessas é que temos uma baixa capacidade de antecipação”, afirma o Dr. Gonzalo Vecina Neto, médico sanitarista e professor da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP. 

Um dos fatores que mais geram dúvidas é o tempo de imunidade oferecido pelas vacinas aplicadas atualmente. “Estudos feitos com pessoas que haviam se vacinado há mais de 6 meses revelaram que houve uma queda de 36% na produção de anticorpos com todas as vacinas”, conta o docente. O coletivo Ação Covid-19, que reúne pesquisadores da USP, UFABC (Universidade Federal do ABC) e diversas outras universidades, realizou projeções considerando as durações de imunidade vacinal de 6, 12 e 18 meses, números baseados em estimativas da comunidade científica internacional. No melhor dos cenários, com o tempo de imunidade em 1 ano e 6 meses, o próximo surto da doença ocorreria em setembro de 2022.

Segundo Vecina, a tendência é que um novo ciclo de vacinação seja completado no ano que vem, com administração de possíveis doses de reforço. Apesar da preocupação com a maior capacidade de disseminação da delta e a formação de novas variantes, o professor se vê otimista com as vacinas em desenvolvimento. Atualmente, mais de 300 novas vacinas estão sendo testadas, inclusive inalatórias, que agem diretamente na orofaringe, por onde o vírus entra no sistema. A expectativa é de que sejam desenvolvidas vacinas que ofereçam maior tempo de imunidade.

“Ano que vem teremos uma sociedade cansada de se esconder e, portanto, teremos uma abertura para atividades de massa com alguns cuidados, como obrigatoriedade da vacinação, uso de máscaras e talvez uma limitação na quantidade de pessoas”, pondera Vecina. “Retomar algumas atividades culturais é inescapável e faz bem para a saúde mental, porém não podemos exagerar.”