Espaços de convivência da USP viram locais para assistir aos jogos da Copa

Alunos organizam transmissões em diversos espaços do campus, integram funcionários e comemoram juntos a atuação do Brasil

por Maria Carolina Milaré

Alunos acompanhando Brasil versus Sérvia na Faculdade de Veterinária e Zootecnia da USP. Foto: Renato Brocchi/JC

Enquanto a Seleção Brasileira de Futebol ainda disputava a Copa do Mundo de 2022, que começou em novembro no Catar, as faculdades e institutos da USP eram opções para aqueles que queriam ver os jogos. Por meio de telões, projetores e alguns improvisos, alunos de diversos cursos organizaram transmissões para acompanhar o evento mundial. Além da diversão em assistir aos jogos com os amigos, era uma oportunidade para aqueles que ainda estavam na Universidade por conta das aulas, ou até mesmo para funcionários que não conseguiam voltar para a casa a tempo de ver os jogos.

As transmissões ofereciam aos telespectadores a compra de comidas e bebidas, música nos intervalos e um espaço de integração entre os alunos. Os horários de jogos do time brasileiro, normalmente no período da tarde, contribuíram para que as transmissões fossem realizadas. Lugares como a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), Escola de Comunicações e Artes (ECA), Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) e o Diretório Central dos Estudantes foram alguns dos locais onde  os jogos foram transmitidos. 

Gabriel Borges, aluno de História da USP e diretor do Centro Acadêmico de História (Cahis), conta que, na FFLCH, as transmissões dos jogos foram dividas entre as entidades que compõem o vão da Faculdade, como o próprio Cahis, o Centro Acadêmico de Geografia, o cursinho popular, a bateria e a atlética, por exemplo. “Nós trouxemos o telão e o projetor, que são duas coisas que o Cahis já tinha, e um notebook para transmitir pela live do Casimiro na Twitch”, comenta sobre a organização do evento.

O telão ficava no alto para todos conseguirem enxergar e a narração era conectada em uma caixa de som, mesmo que o barulho do jogo fosse abafado pelos gritos do pessoal comemorando, como conta Gabriel. O organizador disse também que, para o primeiro jogo, dia 24 de novembro, contra a Sérvia, chegaram a receber em média duzentas pessoas e até os jogos menos cheios juntaram em torno de oitenta telespectadores: “Foram bem mais pessoas do que nós achamos que iriam, tanto é que tivemos que subir mais o telão e a projeção durante o jogo porque as pessoas não estavam conseguindo ver do fundo”.

Alunos e funcionários comemorando o gol do Brasil no auditório da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP. Foto: Renato Brocchi/JC

Júlia Trevizan, aluna de Turismo da USP e responsável pelas transmissões de jogos na ECA, também comenta sua experiência e relata igualmente a oscilação no número de pessoas que foram assistir aos jogos, principalmente entre o primeiro e os demais da fase de grupos. 

“Para o primeiro jogo, nós não tínhamos previsão, mas imaginávamos que fosse bastante gente e acabaram indo realmente muitos alunos. Foi muito gratificante, até porque lotamos a Vivência”, relata a estudante, feliz com a experiência. “Os outros dois jogos foram poucas pessoas, mas não vou reclamar, ficou uma coisa bem íntima, com todo mundo tranquilo sentado no sofá assistindo”.

Além dos sofás, que já existiam no espaço de convivência dos alunos da ECA, para assistir aos jogos, os organizadores também colocaram alguns tapetes no chão e até isso foi motivo para elogios à transmissão. “Depois, quando encerrávamos a transmissão, muitas pessoas que acabei conhecendo falaram ‘nossa, adorei a transmissão, adorei o que vocês fizeram com a montagem do sofá e os tapetes’. E nós colocamos também uma lona para deixar o ambiente mais escurinho”, explica a estudante de turismo.

Transmissão do primeiro jogo do Brasil na Copa na Vivência da ECA. Foto: Arquivo pessoal/Beatriz Novoa

Para entreter aqueles que iam aos institutos ver a Copa, havia venda de comidas, e algumas atrações. Na ECA, por exemplo, ofereciam amendoim e na FFLCH pipoca, chocolate e em um dos jogos teve até alguns food trucks que estavam no vão da Faculdade para um evento que aconteceria por lá posteriormente. Gabriel, do Cahis, também mencionou que  durante os intervalos dos jogos, a bateria dos alunos de ciências humanas fazia algumas intervenções com a galera. 

Os dois estudantes entrevistados pelo JC compartilham da mesma visão sobre a importância do que foi assistir a esses jogos nos espaços do campus: “Foi uma experiência de sociabilidade e de convívio muito legal do tipo que não teve muito ao longo do semestre, e os jogos tiveram esse espaço”, comenta Gabriel. 

“Quando teve a passagem [em outubro de 2022] para a nova gestão da atlética, eu queria fazer alguma coisa que envolvesse as pessoas, ainda mais agora, nesse final de semestre, que estava caótico para todo mundo. Então, eu pensei em fazer alguma coisa para aliviar um pouco a tensão dos alunos e a transmissão dos jogos foi bem legal por isso”, relata Júlia com orgulho, ao contar sua primeira realização como organizadora de eventos na atlética da ECA.