Creche na EACH ainda é sonho distante

Concessão para o fim da greve não saiu do papel; nenhum órgão tem respostas concretas

Foto: Lucas Lignon/JC

Texto por Pedro Morani*

Originando das demandas de alunas e funcionárias mães, a construção de uma creche na Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) foi uma das principais promessas feitas pela reitoria após as negociações que acabaram com a greve estudantil de 2023. Um ano após o fim da greve, ainda há qualquer sinal de início.

Durante a paralização estudantil de 2023, a EACH teve uma participação importante, protagonizando diversos atos e participando diretamente das negociações. Até mesmo antes da principal greve em setembro/outubro, no primeiro semestre do ano, a Escola presenciou um movimento de ocupação do Campus pelos estudantes, sem a participação de outras unidades. Já durante as negociações de outubro, a mesa de representantes discentes era formada por três eachianos, número robusto considerando que a mesa era composta por apenas 11 estudantes. Uma das concessões, encabeçada por esse grupo, foi a promessa de construção de uma creche no campus USP Leste, que atenderia a comunidade discente e de funcionários.

“A construção da exigência passou por um processo de consulta pública, revisão do plano diretor do campus, visando entender a possibilidade de construção da creche e de outros espaços de permanência para mães da unidade”, explica Julio Cesar, estudante de Gestão de Políticas Públicas e atual Coordenador-Geral do DCE Livre da USP.

A assessoria de Imprensa USP, questionada sobre o andamento do projeto, disse não ter informações específicas sobre o assunto, indicando que a administração da EACH teria mais informações. Procurada, a assessoria de comunicação da Escola também não respondeu concretamente à reportagem. Até o fechamento desta edição, nenhuma das duas assessorias responderam a demais perguntas sobre a creche.

A creche tornou-se uma demanda devido à localização da EACH, longe das demais unidades da USP, no bairro Ermelino Matarazzo da Zona Leste da cidade, que tem carência de equipamentos do serviço público. As mães da unidade veem dificuldade na busca de um local próximo para deixarem seus filhos e, assim, a criação de uma nova creche seria de grande ajuda. Hoje, já existem creches similares em diversos Campi da USP, como no Butantã, no Hospital das Clínicas, em São Carlos e em Ribeirão Preto. Apesar de nem sempre apresentarem vagas suficientes, esses espaços administrados pela universidade são essenciais para centenas de funcionários, alunos e professores.

Entre os alunos houve uma grande mobilização e entusiasmo pela abertura do espaço. Mesmo sendo inicialmente considerada uma promessa da greve, ela ainda precisa ser realmente efetivada. “Existe, por parte da diretoria da EACH, uma certa resistência para a abertura da creche, alegando que ela não vai ser usada, que não é necessária. Mas nós temos relatos de estudantes, servidores e, principalmente, de trabalhadoras terceirizadas de que a escola faria muita diferença no dia a dia”, completa Julio.

Atualmente, não existe nenhum movimento de início das obras. “Ainda estão apurando a necessidade de construção da creche, com a Diretoria insistindo em não haver necessidade e que não teria como gerir o espaço”, conclui o estudante. Não há qualquer indicação do início das obras, e nem mesmo foi estabelecido um prazo para a finalização do projeto.

*Com edição de Marcelo Teixeira