A “catracalização” de alguns prédios da USP causou conseqüências distintas em cada local. Isso porque cada prédio adotou critérios diferentes para liberar a passagem nas barreiras rotativas, o que pode dificultar a locomoção de quem quer conhecê-los. Muitas vezes, o visitante pode ser barrado nas catracas e, dessa forma, não ter acesso pleno ao espaço público, desrespeitando aos direitos do cidadão.
É o que ocorre na Faculdade de Odontologia (FO), no Instituto de Astronomia e Geofísica (IAG) e no Instituto Oceanográfico (IO). Na FO, as catracas existem desde 2004. Alunos, professores e funcionários da unidade têm livre acesso às instalações. Já estudantes de outras escolas, bem como pacientes em busca de tratamento dentário podem passar pelas catracas após realizar cadastro na recepção.
Maria Aparecida Barbosa, auxiliar administrativa da FO, considera as catracas um bem para a escola. “O índice de roubo interno zerou”, relata. Tanto a segurança externa da FO como a recepção são comandadas por empresas terceirizadas: Gutty e Personal, respectivamente. Maria Aparecida elogiou o trabalho de ambas e garantiu: “Somos extremamente rígidos na fiscalização do trabalho”.
Entre estudantes e docentes, as catracas são aprovadas praticamente aprovadas por unanimidade, mas não escapam de algumas reclamações. As alunas Luciana Marinutto e Paula Takassi, bem como o professor Atlas Nakamae, elogiaram as barreiras pela “sensação de segurança que elas passam”. Mas protestam contra o aperto das catracas, o que ocasiona dificuldade de girar a armação carregando materiais nas mãos, por exemplo.
No IO, é difícil passar pelas catracas. Colocadas em 2008, elas permitem a passagem somente de pessoas relacionadas à escola. Quem é de fora precisa de um bom motivo para entrar no prédio. Segundo Humberto Aparecido Silva, funcionário da USP responsável pela liberação da passagem nas catracas, a pessoa “só pode entrar se tiver com quem falar lá dentro”. Silva afirmou que isso agrada aos professores da escola, que “não gostam que as pessoas entrem no prédio”.
A reportagem do JC tentou entrar no local, sem sucesso, sendo desrespeitado o direito de acesso a um local público. O IO é um dos prédios com segurança mais reforçada da Universidade e conta ainda com câmeras e vigias da empresa Gutty. O estudante de Oceanografia Pedro Marone Tora reclama que as catracas muitas vezes não funcionam direito, mas aprovou a implantação porque “antigamente havia bastante problema com roubos”.
Entrar no IAG é mais fácil e a comunidade uspiana tem fácil acesso ao prédio. A carteirinha da USP garante a passagem livre pelas catracas. Visitantes de fora da Universidade podem entrar sem qualquer restrição, desde que seja feito um cadastro na portaria, comandada pela empresa terceirizada Evik.
As barreiras no IAG visam acabar com furtos aos laboratórios do prédio, que possuem equipamentos caros e que já foram alvo de furtos. O aluno Luís Alberto Zaffani aprovou as catracas. Para ele, elas evitam que aconteçam novos roubos no departamento. “Há alguns anos, levaram muita coisa dos laboratórios”, diz.
Identificação eletrônica
Outro local com segurança reforçada é o Laboratório Aberto de Física Nuclear (LAFN). O prédio não tem catracas, mas há um leitor de cartões que autoriza a entrada apenas de estudantes, professores e funcionários da Universidade. Apesar de possuir materiais perigosos, o LAFN não tem segurança terceirizada, apenas uma pessoa cuidando da portaria. Na visita da reportagem ao prédio, o funcionário da USP responsável pelo controle de entrada garantiu que não há roubos no laboratório e que “a segurança é eficiente”. Porém, no dia da visita, o sistema não estava funcionando e a reportagem entrou facilmente no prédio.