Medida gera reação de alunos da unidade, que alegam não ter ocorrido um debate sobre a implantação
A proposta aprovada em maio na Faculdade de Educação (FE) de implantação de catracas na unidade tem provocado reação dos alunos do local. A medida foi discutida na Comissão de Espaços da faculdade, entidade que não possui nenhum representante discente, e prentede “manter a possibilidade de controle, uma vez que a FE é muito vulnerável”, segundo afirma a professora Maria Cecília Cortez Christiano de Souza, presidente da comissão.
A proposta prevê a instalação experimental de catracas no bloco A, que abriga a administração e as salas de professores. Segundo ofício da Comissão, “tal medida pode ser estendida aos demais prédios da Unidade, como forma de melhorarmos o controle do acesso às dependências do prédio”. O documento relata que outras unidades da USP obtiveram sucesso na redução de furtos com as catracas.
Embora não haja previsão da instalação, os estudantes da FE temem que a medida seja posta em prática durante as férias, o que enfraqueceria os protestos contra a implantação organizados pelo Centro Acadêmico Professor Paulo Freire. Os estudantes pretendem congelar a proposta para poder discuti-la mais amplamente na faculdade.
Os discentes reclamam que não houve tempo para discutir a proposta. Marco Aurélio de Araújo Silva, representante discente presente no Conselho Técnico Administrativo que aprovou as catracas, afirma que a pauta não lhe foi enviada com antecedência, como de costume, e ele só tomou conhecimentgo da proposta na reunião. Por isso, ele se absteve na votação. “Minha representação vem do acúmulo de deliberações dos estudantes de pedagogia e de licenciaturas. Se eles não discutiram, não posso adivinhar seu posicionamento”, diz.
As catracas, a princípio, não devem barrar ninguém. A medida garante a passagem a qualquer portador da carteirinha da USP. Quem não possuir um número USP receberá um cartão de visitante, que deverá ser devolvido após sua saída. Porém, Silva questiona se, na prática, o acesso será mesmo livre. “Mesmo dito que não será impedida a entrada de ninguém, a catraca é um instrumento para tal e poderá ser usado”, afirma. “[Se não] Para que se faz necessária a catraca?”, completa.
Reação positiva
Outra unidade que planeja a instalação de catracas é a Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA), mas a proposta é mais bem aceita. Há pelo menos um ano a unidade debate a implementação de um plano de segurança que incluiria também o uso de um sistema integrado de câmeras e melhorias na iluminação.
Segundo a assistente técnica da direção, Mary Godoy, a medida é bem vista pela comunidade “feana”. O ponto mais controverso do debate é a utilização de verificação eletrônica da freqüência em aula. Mary afirma que a FEA só aguarda o lançamento do edital para licitação. Os laboratórios de informática já terão catracas para controlar o acesso no semestre que vem.
A assistente lembra dois casos de furto ocorridos na biblioteca da unidade – onde há catracas apenas para contagem de pessoal – e em algumas seções, como a Assistência Técnica de Comunicação e Desenvolvimento, de onde foram levados computadores no ano passado.
Já Noé Barbosa de Souza, assistente administrativo da FEA, é mais enfático. “Há quatro anos a segurança vem sendo repensada, pois faz tempo que existem furtos na faculdade”, explica. Ele ressalta que são recorrentes os casos de vandalismo na unidade e que a identificação dos visitantes inibiria isso. “Os estudantes teriam acesso facilitado, mas os visitantes teriam de informar o que farão no prédio”, completa.
É nessa linha que Mary defende o uso das catracas. Ela acha que o patrimônio da unidade deva ser protegido e garantido aos alunos, professores e funcionários do local. “É um mal necessário”, afirma. Ela admite, no entanto, que “não há como controlar a passagem de pessoas”. Para ela, a instalação de catracas com software padrão da Reitoria deve ser uma tendência na Universidade, já que o mais importante é a “integridade física das pessoas”.