Jornal do Campus: Quais são as propostas para o ensino superior?
Celso Russomano: As propostas se centram na Independência orçamentária, e na criação de novos campi das universidades paulistas, sobretudo nas regiões mais pobres do estado, como o Vale do Ribeira.
JC: O candidato pretende manter o ensino público e gratuito na USP?
CR: Sim. É obrigação do Estado proporcionar educação. E a universidade tem de estar aberta a todos. Hoje, o aluno da escola pública não consegue chegar à Universidade pública. Quero que a escola pública volte a acontecer.
JC: O candidato é favorável a medidas de inclusão, como o Pasusp e o Inclusp?
CR: Sou favorável à inclusão em todos os níveis, para gerar igualdade. É preciso gerar oportunidades. Os alunos que ingressam por meio desses programas acompanham os demais, e acompanham porque precisam.
JC: Como o candidato vê o processo de escolha do reitor da USP pelo governador?
CR: Sou favorável às eleições para reitor. Acho que isso ajuda a estimular o processo democrático. Além disso, o que vocês preferem: um reitor indicado pelo governador ou aquele que conquistou o cargo pelo mérito junto aos alunos? A gente precisa ter democracia, sobretudo dentro das universidades.
JC: Conhece o trabalho do atual reitor? Como é a relação político-ideológica com ele? Como pretende trabalhar com ele?
CR: Conheço parte do trabalho do atual reitor [Embora não soubesse o nome dele. Perguntou quem era o reitor e pediu que se repetisse o primeiro nome]. Mas, o que importa para mim é saber dos alunos se está bom. Por isso mesmo sou favorável que o reitor seja eleito pelos próprios alunos.
JC: As gestões anteriores foram satisfatórias na relação com as universidades? Como pretende mudar caso não tenham sido?
CR: Não foram satisfatórias e isso você vê na qualidade da infraestrura. Ainda é feito um bom trabalho porque os professores são bons. Mas falta investimento em infraestrutura – nos laboratórios, bibliotecas. Hoje, o governo de São Paulo investe,
nas universidades públicas, R$ 7,39 bi. Isso é menos que 5% do orçamento. Acredito que a prioridade do governo que está aí até hoje é obra pública, não qualidade de vida para o cidadão. Porque quando você investe nas pessoas, o único retorno que você tem é ver que as pessoas estão mais felizes.
JC: Como o candidato vê a questão da entrada da PM no campus, tanto para conter as manifestações grevistas como para garantir maior segurança aqui dentro?
CR: O governo tem que ter diálogo com o universitário. Você não tem confronto com a polícia se tem diálogo. Eu teria sentado com os alunos para dialogar. Sou o governador das ruas, tiraria a bunda da cadeira e iria conversar. Eu jamais permitiria a entrada da polícia na USP. [O governador] não foi porque não quis, porque ele tem o poder da caneta para mudar as coisas.
Como última mensagem: Lembrem-se que gente tem que ser tratada como gente. O candidato do governo entende de número, e apenas de números.