Reitoria não responde sobre gatilho salarial de docentes

Em e-mail enviado à reitoria no dia 16 de agosto, a Adusp (Associação dos Docentes da Universidade de São Paulo) solicitou nova reunião com o reitor, para esclarecer pontos relativos ao pagamento de gatilhos salariais devidos aos professores. Os docentes ainda não receberam resposta. De acordo com a professora Suzana Salem, do Instituto de Física, a principal demanda da reunião será a definição de quando a reitoria entregará ao juiz Marcos Pimentel Tamásia, da 4ª vara da Fazenda Pública, os dados salariais de cada beneficiário, referentes ao ano de 1987. É com base nos salários ganhos nesse ano que serão feitos os cálculos do valor a ser recebido por cada docente.

Segundo Salem, a última reunião com o reitor ocorreu no dia 27 de abril, e ele demonstrou disposição para agilizar o processo de pagamento. “Mas ele continua muito devagar”, queixa-se a professora.

A ação, movida pela Adusp em 1990, e ganha pela Associação em 2001, refere-se ao pagamento de gatilhos não efetuados entre os meses de julho e dezembro de 1987. Essa ainda determina a incorporação de reajuste de 32,96% aos salários dos docentes. Os professores pedem maior rapidez no processo: “Tem professores que já estão morrendo, e tem alguns herdeiros procurando a gente, para saber como proceder”, conta Salem.

O argumento da Universidade para que a dívida não seja paga é de que a Adusp deve efetuar o cálculo do valor a ser recebido por cada beneficiário, o que ainda não foi concluído. Suzana, no entanto, afirma que ao dizer isso, a reitoria confunde as pessoas: “A Adusp tem de fazer os cálculos, mas fazer os cálculos depende dos dados salariais de cada beneficiário ao longo de 1987. E o responsável por fornecer esses dados é a reitoria”. A pedido da Associação, essas informações foram incluídas extra-oficialmente no sistema Marte Web, em maio passado. “Isso é para que cada beneficiário possa verificar se os dados que a reitoria dá a respeito dele estão corretos, porque a Adusp não tem condições de fazer isso”, explica a professora. No entanto, falta que a reitoria efetue as devidas correções, e entregue as informações oficialmente ao juiz: “A reitoria informando corretamente todos os dados, a gente tem como fazer essas contas”, justifica Salem.

Procurada pelo JC no último dia 24 ,a assessoria de imprensa da reitoria diz ainda não ter tido tempo suficiente para fornecer uma posição da Universidade quanto a questão. Procurado pelo jornal, o Codage, órgão responsável pelo setor financeiro na Universidade, afirmou não ter informações a respeito.

Infográfico: A dívida da universidade (fonte: Adusp)