A Coordenadoria de Saúde da Universidade de São Paulo deve implantar um novo sistema de saúde para seus funcionários: o Sistema Assistencial de Saúde Próprio (Sasp-SP). A resolução pode ser implantada até o final do ano, afirma o superintendente de Saúde da Universidade, Marcos Boulos.
A nova proposta, com atendimento apenas no Hospital Huniversitário, apresenta três diferentes planos: um básico, que equivale, em termos gerais, ao vigente, e mais outros dois planos. Os funcionários podem escolher aderir ou não ao novo sistema. Além disso, o Sasp não se estende aos funcionários terceirizados.
O maior motivo da polêmica é o fato de que os dois planos mais abrangentes serão administrados por uma empresa privada e têm um custo a ser descontado da folha de pagamento do beneficiado. Nem a empresa nem o valor foram decididos ainda, mas Adriana Cruz, assessora da Reitoria, afirma que o custo será “menor do que o praticado pelo mercado”.
Para a maioria dos funcionários entrevistados, a iniciativa tem poucas chances de mudar um sistema de saúde tão amplamente criticado. “Algumas coisas podem mudar, mas outras, não. Os médicos do HU sempre encaminham para hospitais particulares, e faltam especialistas”, afirma Roberto Guimarães, técnico de informática. Outra falha é exposta pelo também técnico de informática Ulisses de Paula: “O atendimento sempre foi somente para a região do Butantã e, para os funcionários, só funciona em horário de expediente”. Há ainda os que nem mesmo sabem da mudança. A divulgação foi feita apenas pelo boletim USP Destaques, enviado por e-mail a funcionários e alunos.
Ainda assim, há focos de insatisfação. “Eu ignorei o boletim porque nós temos o direito de ter saúde pública e a USP tem o dever de nos dar atendimento”, diz Paulo César, técnico acadêmico da ECA. “Acho que a reitoria está nos forçando a pagar. Não vou pagar pela saúde. Sei que o plano básico é gratuito, mas aí continua o mesmo atendimento precário de antes”.
O Sindicato dos Trabalhadores da USP se colocou contra a proposta. “Nossa opinião é que esse sistema não ajuda o trabalhador, e sim gera dinheiro para a Universidade e para uma organização privada”, afirma Neli Wada, representante do Sintusp. “Enquanto funcionária, vou pagar para furar a fila do SUS? Vou ser atendida em hospitais públicos porque estou pagando?”