Os desentendimentos entre estudantes e representantes da Reitoria no que se refere à ocupação do bloco G do Conjunto Residencial da Universidade de São Paulo (Crusp), conhecida como “Moradia Retomada” foram agravados na última quinzena com a publicação do Boletim USP Destaques nº 56, do dia 9/3, e uma nota de resposta a ele, escrita pelo advogado Aton Fon Filho, representante da maioria dos alunos expulsos no final de 2011 devido à ocupação.
O principal ponto que tem gerado discussões é a afirmação da Reitoria de que o processo dos estudantes expulsos não se referia apenas à ocupação, “mas sim outras ações graves, como desaparecimento de prontuários com informações sigilosas da saúde e da família dos alunos da Universidade e de crianças e adolescentes alunos da Escola de Aplicação, além de desaparecimento e danos ao patrimônio público”, como pode ser lido no Boletim USP Destaques do dia 9/3.
De acordo com o advogado, as afirmações da assessoria de imprensa da Reitoria presentes no boletim são diferentes do que se tratou no processo administrativo. Aton Fon Filho explica em sua nota que, uma vez o processo tendo sido iniciado apenas com uma imputação (referente à ocupação do prédio da Coseas), “não poderá a Reitoria, agora, acusar os alunos pelos fatos que lançou no boletim 56”. Para ele, a Reitoria “já antevê, na decisão concessiva da liminar que lhe tira o sono, o reconhecimento da nulidade de todo o processo administrativo, motivo pelo qual tenta, agora, pendurar novas acusações nos pescoços de seus bodes expiatórios”.
A ocupação teve início em março de 2010. No final de 2011, seis alunos que faziam parte da ocupação foram expulsos. Outros dois também teriam sido, mas a pena não pôde ser aplicada, pois eles não pertenciam mais ao corpo discente da USP. No dia 2 de março, o estudante Marcus Padriac Dunne, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), conseguiu liminar para ser reintegrado à Universidade. Ainda cabe à Reitoria recorrer à decisão da Justiça. Cinco estudantes tiveram os processos administrativos arquivados por falta de provas.