A inclusão digital é um tema muito discutido atualmente por diversos setores da sociedade. Para possibilitar que os funcionários terceirizados da universidade pudessem usufruir da internet e seus benefícios digitais, Fabiano Nascimento e Geraldo José da Cunha, funcionários do Centro de Computação Eletrônica da USP (CCE), idealizaram e criaram o projeto “Cidadania Digital”, que começou a funcionar no segundo semestre de 2012.
Segundo Nascimento, o projeto nasceu da percepção de que uma grande parte dos funcionários, principalmente os terceirizados, da universidade estão fora do universo da informatização, o que os exclui e os impede de ser cidadãos. “É importante possibilitar o acesso à informação aos trabalhadores que não possuem. Entendemos que a internet pode fornecer inúmeras oportunidades e nossa preocupação é que os funcionários possam aproveitá-las”, afirma.
O projeto sofreu algumas dificuldades no início. Foi difícil encontrar laboratórios com computadores disponíveis para ensinar os alunos. “É importante que os funcionários saibam que o espaço em que trabalham também é deles, apesar de a USP não priorizá-los em momento algum”, alega Cunha. No entanto, o quadro mudou com o apoio de alguns docentes e grupos, como Cunha faz questão de ressaltar: “O professor Jaime Simão [diretor do CCE] e a professora Lisete Arelaro [diretora da Faculdade de Educação] contribuíram fundamentalmente para que o projeto crescesse, ajudando na obtenção de salas e facilitando o funcionamento do programa”. As aulas são realizadas em dois laboratórios, um no CCE e outro na FE.
Outras pessoas que são essenciais para o projeto são os voluntários (alunos de graduação e pós-graduação) ligados aos projetos Poli Cidadão e Programa de Educação Tutorial (PET Mecatrônica). Segundo Cunha, é muito importante o intercâmbio entre alunos e funcionários: “Queremos abrir a universidade para todos, por isso é importante que as diversas áreas se relacionem”.
O primeiro curso do projeto, chamado “Introdução ao uso de computadores”, foi oferecido em setembro de 2012, com oito semanas de duração e voltado para internet, equipamento de informáticas e aplicativos. “Cidadania Digital” atende, em média, 105 alunos e Cunha revela: “A demanda de funcionários é muito grande, infelizmente não temos estrutura para atender a todos”.
Os cursos não são voltados apenas para funcionários terceirizados. Qualquer pessoa que se interessar pode procurar o programa. Para as aulas ministradas no CCE, os alunos precisam ter algum vínculo com a USP. Para as que ocorrem na FE, a inscrição é livre.
Para se inscrever, é necessário apenas preencher uma pequena ficha com dados pessoais. A divulgação é feita por banners e panfletos distribuídos em diversas unidades. Contudo, Nascimento ressalta: “O curso contempla aspectos básicos, é voltado para quem desconhece completamente o universo digital. Quem quiser ocupar uma vaga tem que ter a consciência que é totalmente direcionado para a inclusão”.
A intenção é ampliar e disponibilizar as informações ensinadas no curso. Fernando Borges Souza, funcionário do CCE e integrante do “Cidadania Digital”, revela os planos futuros: “Temos um site que está em fase de criação. Nossa intenção é poder disponibilizar os conteúdos do nosso curso, digitalizando as apostilas que os alunos usam”. Os próximos cursos oferecidos pelo projeto abordarão o conhecimento do programa Word e outros serviços do pacote Office, como Excel e Power Point.
Nascimento acredita que o conteúdo dos cursos é muito importante tanto para o aspecto profissional quanto pessoal dos funcionários. “Além da inclusão digital na universidade, queremos que a autoestima dos funcionários aumente, que eles percebam o quanto são importantes”.