Projeto “Envelhecimento Ativo” busca mostrar benefícios da prática esportiva para empregados
Para aumentar a quantidade de funcionários que participam de atividades físicas do Centro de Práticas Esportivas da USP (CEPEUSP), o local investiu em uma ideia não convencional: os empregados podem usufruir uma hora da carga horária de trabalho para fazerem esportes. Atualmente, há um desejo de expandir essa proposta para outras unidades da Universidade.
Denominado “Envelhecimento Ativo”, o projeto é de autoria do CEPE junto com o Hospital Universitário (HU) e o Serviço Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT) da USP. O SESMT acompanha a saúde dos funcionários e constatou que a maioria é sedentária, seguindo uma tendência mundial. Quando o trabalhador decide entrar no projeto, passa por uma bateria de exames no HU para garantir que está apto a realizar atividade física. Depois, ele pode escolher algum curso para começar a se movimentar.
Segundo José Carlos Simon Farah, diretor técnico do CEPE, há um ano o programa está sendo implantado e está pronto para ser expandido para outros lugares da USP. “Já fizemos palestra para a Guarda da USP, a Prefeitura, a Poli e a Veterinária. Os diretores das unidades estão nos recebendo para saber como é o projeto”, contou Farah. “Ganhamos um espaço que achávamos que era impossível: um funcionário trabalhar e fazer atividade física, mas está sendo dado esse direito. Isso está começando, é uma sementinha”, comemorou.
Mesmo com a mudança recente, funcionários não são a maioria nas aulas. Grande parte das vagas são preenchidas por alunos, até porque eles são o grupo mais numeroso dentro da Universidade. A comunidade externa pode participar apenas de alguns cursos e em número limitado, bem como a parcela denominada terceira idade, já que a preferência é pelo público interno. “Não acho que os funcionários fazem bom proveito das opções oferecidas, possivelmente por optarem pelo sedentarismo ou por prática de atividade física em local externo à universidade”, disse Sonia Martins, funcionária da USP.
O sedentarismo também é resultado da rotina corrida. De acordo com Farah, apesar das 92 opções de horário que o CEPE oferece para os diversos cursos, conciliar uma atividade física com outras tarefas é difícil.
Para garantir que o funcionário está usando o tempo destinado às atividades físicas para esse fim, também há um controle de frequência nas aulas. O professor informa aos interessados se existiu comparecimento e, ao fim do semestre, é feito um balanço: quantas pessoas se inscreveram e, desse número, quantos permaneceram e quantos simplesmente deixaram de ir. Os últimos números foram satisfatórios, apesar da participação dos trabalhadores não ter crescido significativamente. “Conseguimos atender todo mundo? Não, porque isso é uma coisa voluntária, não é uma convocação. Então, tem muita gente que não quer fazer atividade física, não incorporou isso; ele prefere ir para casa e ficar com a família dele. Isso não é nenhum crime”, pondera o diretor.
O projeto não envolve apenas a parte física. Exercitar-se dentro do ambiente de trabalho faz com que o funcionário se sinta mais à vontade, entenda melhor a dinâmica do local e tenha uma convivência mais harmoniosa com os colegas. Para aumentar ainda mais o interesse e os bons resultados, durante os períodos sem aula ao longo do ano letivo, como a Semana Santa e a Semana da Pátria, o trabalhador tem algumas aulas exclusivas. Em 2015, por exemplo, professores aproveitaram os dias mais tranquilos na USP para dar um curso de remo e canoagem para pessoas do CEPE. Estes, muitas vezes, já entraram na raia para fazer um serviço, mas nunca estiveram em um barco. Essa experiência, além de ser boa para a saúde, aumenta o espírito colaborativo.
Parte notável do processo também é a aproximação entre os funcionários. O diretor técnico do CEPE conta que pesquisas provam que exercitar-se com colegas ajuda a manter o foco e diminui a chance de uma desistência durante o processo. Além disso, fica ainda mais evidente que ninguém deve se movimentar apenas por questões de saúde, mas pelo prazer de estar em um ambiente descontraído e com pessoas queridas. “Na verdade, é a qualidade de vida no trabalho”, alerta.
Funcionária esportista
Isabel Sadzinski, técnica administrativa do CEPEUSP, faz mais de uma modalidade física no complexo: musculação, pilates e caminhada. Acompanhamento com nutricionista, fortalecimento muscular e fisioterapia também fazem parte das tarefas da ex-jogadora de vôlei. “Sempre fiz atividade física, sempre gostei. Tenho um filho, Francisco, e também sempre levei ele para fazer atividade física. Sei que é muito bom para saúde”, contou.
Com relação à quantidade de funcionários presentes nos cursos, Isabel, que trabalha no CEPE há 24 anos, comentou: “Olha, aqui do CEPEUSP, só vejo um funcionário. Da USP em geral, tem algumas pessoas sim. Tem funcionários de outras unidades. Mas, por ser um centro que oferece esse tipo de atividade, eu acho muito pouca [a presença de empregados]”.
“Muitas pessoas tomam remédios para dores e mal elas sabem que o único remédio para dor é a atividade física”, alertou a praticante de esportes.