Instituto de Estudos Brasileiros afirma que solicitação de exames é medida preventiva
Por Jasmine Olga
“A pedido da Direção da Biblioteca, pedimos, em caráter de urgência, que compareçam nesta Secretaria (…) para retirar a convocação para realização do exame de dosagem de chumbo no sangue, plumbemia, que necessitará ser realizado por todos do Espaço Brasiliana que estiverem recebendo este e-mail.”
Foi assim que os funcionários, estagiários e bolsistas da Biblioteca Brasiliana foram informados sobre algo errado na água do prédio. O pedido, sem maiores explicações, assustou.
Funcionários ouvidos pelo JC se espantaram com o tom de urgência da mensagem.
Essa não é a primeira vez que os frequentadores do Espaço Brasiliana são surpreendidos. Em dezembro do ano passado, os colaboradores receberam e-mail informando sobre a situação da água do prédio, que estaria imprópria para consumo.
Após uma vistoria da Sabesp, não foram identificados resíduos de material pesado na água, com exceção do laboratório de restauro do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB). Em nota, a diretoria informa que o consumo de água estaria suspenso até a limpeza da caixa d’água e substituição dos bebedouros por galões de água.
Uma funcionária da biblioteca diz que chegou a notar gosto alterado na água, mas não suspeitou de anormalidade. Os filtros chegaram a ser desligados até mesmo nas áreas públicas, mas nem sempre havia garrafões de água disponíveis.
Preocupada, a funcionária relata que estranhou a demora para a apresentação dos resultados dos exames, mas se tranquilizou. “Se fosse algo muito grave, eles teriam contratado um serviço mais rápido”, especulou.
Segundo um porta-voz do IEB, a realização dos exames é medida preventiva. Testes garantem que a quantidade de chumbo encontrada na água não faz mal à saúde, mas está no limite do permitido.
“Estamos tentando descobrir a causa do problema. A principal hipótese é que a solda utilizada para fundir as conexões do encanamento de cobre sejam a origem”, disse o porta-voz.
Os funcionários relatam ausência de maiores explicações. Agora, eles esperam os resultados dos exames, que devem sair até o final deste mês.
Especial Edição 500
De Leste a Oeste: Contaminação não é novidade
Por Pietra Carvalho
As polêmicas sobre água contaminada em espaços uspianos não são novidade, como no campus da EACH, onde a luta contra agentes intoxicantes vem da fundação, e são pauta recorrente no Jornal do Campus.
Em junho de 2007, o repórter Guilherme Balza noticiava que “pela segunda vez, em menos de seis meses, vários estudantes da EACH, passaram mal ao se alimentar no bandejão da unidade”. Cerca de 40 alunos apresentaram problemas estomacais, em duas ocasiões. O vice-diretor declarou que se a água fosse contaminada, os responsáveis veriam “se é um problema da Sabesp ou da própria EACH”.
A história voltou às nossas páginas 10 anos depois, quando a repórter Letícia Fuentes contava sobre a volta do suco ao bandejão da EACH, depois da contaminação de 2007.
Segundo a reportagem, o abastecimento do refeitório estava interrompido desde quando a água, “que era utilizada para consumo e para lavar as frutas e hortaliças servidas nas refeições, começou a apresentar aspecto turvo. A unidade precisou fazer uma desinfecção e remoção total de detritos e impurezas dos reservatórios”.
Houve ainda outros problemas, como interdição por infestação de piolhos e contaminação do solo.