Por Renan Sousa
“Faça a coisa certa”. O título do filme de 1989, do diretor negro Spike Lee, é adequado para esta edição.
Não poderia ser menos. O trabalho jornalístico tem tido destaque no combate à desinformação em meio a pandemia do coronavírus. Nossos colegas repórteres estão exercitando agora o papel que irão desempenhar: a coragem de fazer o que é certo, apesar das condições.
Mesmo com a área física do jornal fechado, com o acesso à internet dificultado, com o lado psicológico afetado, e tantas outras pedras no caminho, buscamos entregar à comunidade uspiana a informação necessária, e de forma interessante. Muitos de nós fomos afetados pela pandemia, fazendo dupla, tripla jornada, com trabalho, faculdade e tarefas de casa.
Ouvimos as críticas da nossa ombudswoman, Marina Amaral, levantamos os assuntos pertinentes à comunidade uspiana e seus integrantes, alunos, funcionários e professores. Nesta edição, abordaremos como as pessoas lidam com a saúde mental e física, como as mães têm se virado com a dupla jornada, a nova fase e importância dos e-sports, como anda o desenvolvimento da vacina e a situação do Hospital Universitário.
Se, na edição anterior, abordamos o racismo com pessoas asiáticas, nesta estamos focados nessa violência com os negros. Mesmo dentro da Universidade, a diferença sócio-étnico-racial permeia o dia a dia dos estudantes, professores e funcionários. O movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam) motivou nossos repórteres a buscar entrevistados não brancos, para que pudessem falar para além de racismo, mas de suas áreas de atuação.
A pandemia trouxe muita pressão psicológica para todos, e muitos passaram a ter até mesmo uma percepção diferente do tempo. A quebra de rotina, a necessidade de fazer o tempo passar mais rápido, tudo isso acaba influenciando em como vemos as horas passarem.
Das muitas coisas do dia a dia que a pandemia nos privou, a experiência universitária é uma delas. As entidades estudantis, que essenciais o sentimento de pertencimento dos alunos, ficaram esvaziadas. Sem os novos estudantes para mantê-las vivas, o futuro das atléticas e centros acadêmicos pode sofrer um abalo.
Mas, porque nem tudo é tragédia, ainda buscamos entender a explosão de lives de música, apenas cinco dias após o início do isolamento social. Para quem vive sozinho, pode ser o único momento de companhia. Para quem está junto, pode ser um momento de discórdia, já que muitas acontecem ao mesmo tempo.
Enfim, estes são somente alguns dos temas abordados na nossa edição. Vamos usar esse momento para exercitar a tão importante prática jornalística, trazendo a informação necessária, apurada e precisa para toda a comunidade USP. Não tínhamos mais nada a oferecer, além do trabalho – duro, às vezes – de fazer a coisa certa.