Implantação do ensino híbrido avança na graduação a partir de projetos que preveem a substituição parcial da aula presencial pela on-line para cenário pós-pandêmico
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Por Ramana Rech Duarte
Arte: Laura Toyama/JC
A Universidade de São Paulo (USP) dificilmente voltará a ser a mesma após a pandemia, nas palavras do vice-reitor da USP, Antonio Carlos Hernandes. O JC obteve via Lei de Acesso à Informação (LAI) as atas das reuniões do Conselho de Graduação. No documento do dia 15 de outubro de 2020, consta que o vice-reitor afirmou no CoG: “não podemos mais deixar de fazer com que as atividades on-line aconteçam”.
Um dos caminhos que a Universidade enxerga no pós-pandemia é o ensino híbrido, também conhecido como blended learning, que combina o remoto com o presencial. Em junho de 2020, logo na primeira reunião do Conselho Universitário (CO) após a implantação das aulas remotas emergenciais na USP, o reitor Vahan Agopyan citou um relatório do Grupo de Trabalho de Reformulação Curricular. O grupo tem como função analisar possíveis caminhos para a modernização dos cursos. Um dos pontos do relatório destacados pelo reitor foi de que caberia ao CoG verificar “se algumas partes de algumas disciplinas podem ser oferecidas de maneira híbrida”.
Dito e feito. A Pró-Reitoria de Graduação começou a investir na hibridização lançando os editais Novos Currículos para um Novo Tempo e Consórcios Acadêmicos para a Excelência do Ensino de Graduação (CAEG), no final de 2020.
O primeiro dispõe de 11 propostas vencedoras na categoria de Reformulações Curriculares Completas. Com orçamento de no máximo R$ 150 mil, esses projetos buscam reformas mais amplas. Também, foram selecionadas 21 projetos de Readequações Curriculares de até R$ 75 mil que não demandam alterações no currículo pedagógico ou nas estruturas do curso. As mudanças deverão ser implantadas a partir de 2022.
Por sua vez, o CAEG foca na integração entre cursos, Unidades e Campi. O edital selecionou 45 propostas, com previsão de orçamento até R$ 120 mil cada. Uma das exigências era que o compartilhamento de experiências entre docentes dos projetos fosse no formato híbrido. “O consórcio acadêmico como proposta organizacional revela maturidade e potencial de uma universidade empreendedora frente às mudanças e demandas da Sociedade”, diz o edital.
Em nota ao JC, o vice-reitor Hernandes afirmou que não há a decisão de um novo modelo de ensino para a USP, mas “com o que se aprendeu é de se esperar que teremos, mesmo após a pandemia, aulas presenciais e não-presenciais”.
O JC conversou com 13 professores cujas propostas venceram o edital Novos Currículos e seis que venceram o CAEG. Uma expressiva maioria relatou que há planos para substituir, em parte, a carga horária da sala de aula física pela virtual.
O modelo híbrido vem, com frequência, associado às metodologias ativas, que pressupõem uma menor passividade do aluno. Um dos métodos mais citados pelos docentes foi a sala de aula invertida, em que o aluno recebe um material para se preparar de forma antecipada para a aula. Segundo defensores da metodologia, isso permite maior aprofundamento de discussões nos momentos presenciais e coloca o aluno no centro da aprendizagem.
A busca por suprir carências
Uma vez que a hibridização, ou ao menos sua experimentação, como ressaltaram diversos vencedores do CAEG, já parece algo definitivo, há de se perguntar o porquê. Os docentes apresentaram diferentes respostas a essa questão, por vezes, conflitantes. Para alguns, os editais são uma forma de compensar a carência da USP no quadro de docentes, enquanto para outros, o modelo exigirá um número ainda maior dos profissionais.
Um dos cursos que passarão por uma reformulação completa é o de Turismo, da Escola de Artes e Comunicação (ECA). Coordenado pela professora Clarissa Gagliardi, a proposta busca preparar os alunos para as novas exigências do mercado de trabalho de se reinventar diante das crises e suprir a falta de corpo docente do curso.
Nesse sentido, Gagliardi enxerga o ensino híbrido como uma forma de suprir a demanda por professores, o que poderia ocorrer por meio de videoaulas, que seriam atualizadas a cada semestre. “Nada impede que alguns conteúdos sejam dados dessa forma. Isso pode fazer com que a gente consiga otimizar os poucos recursos humanos que temos em outras atividades para as quais o relacionamento pessoal seja imprescindível”, disse.
A professora de Turismo comentou que não pode ficar refratária à implementação do digital, pois “vou acabar atropelada”. Isso porque a utilização de novas tecnologias poderão ser incorporadas em outros cursos e “a gente pode perder um pouco o terreno”. Mas também, como forma de se preparar e poder planejar uma solução antecipadamente e com recursos para uma redução ainda maior do corpo docente e da continuidade de medidas paliativas, como os professores temporários.
“Daqui a dois, três anos, talvez, a gente tenha menos dois professores. E aí, como você sustenta um curso? É muito difícil. É claro que a gente acena isso pra Universidade. Agora, eu não sei como entra isso no conjunto de prioridade da USP”, afirmou.
Luciana Venturini Rossoni, coordenadora do projeto de readequação curricular do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB), discorda de que o ensino híbrido conseguirá poupar recursos humanos. Para a professora do Laboratório de Fisiologia Vascular, a grande vantagem do ensino híbrido seria a maior flexibilidade do aluno.
As videoaulas permitiriam que o estudante escolhesse a velocidade de fala do professor, o horário que deseja assistir, bem como retornar a determinado ponto quantas vezes desejar. A sala de aula física servirá para tirar dúvidas e aprofundar discussões. O projeto também aposta na produção de jogos de celulares com questionários para checar o aprendizado do aluno.
Segundo Rossoni, a produção dos vídeos será um trabalho constante, que nem sempre poderá ser reaproveitado em turmas de cursos diferentes. “Você vai editar um um vídeo, vai perceber que o aluno teve dificuldade numa parte do vídeo, então vai ter que gravar novamente. Aparece um conceito novo na literatura, refaz o vídeo”, explica.
Ficou definido que será implantado algumas disciplinas híbridas logo no ciclo básico, a fim de que “o aluno já entre aprendendo a lidar com esse tipo de ensino” e ver se seu rendimento é maior nessas disciplinas. Se esses alunos apresentarem resultados positivos, a ideia é expandir o modelo para outras matérias.
Uma proposta do CAEG fora da curva foi feita pela professora Chao Yun Irene Yan, do ICB. Em vez de aulas teóricas, serão substituídas aulas práticas, “porque resolvemos trazer coisas que não conseguimos na aula prática com um jogo”. O game terá como cenário Galápagos, que de outra forma estaria fora de mão. Também visa suprir as dificuldades em conseguir insumos de laboratório, como embriões de galinha, tanto por falta de recursos quanto pela questão ética. Embrião de galinha que sofreu interferência experimental. Foto: Arquivo pessoal.
O presidente da Associação de Docentes da USP (Adusp), Rodrigo Ricupero, tem suas ressalvas quanto ao ensino híbrido. Ele afirma que, embora as propostas aprovadas nos editais possam ser boas, o projeto global da hibridização está vinculado ao corte de gastos com pessoal e “destruição da carreira do docente”.
“No fundo você põe uma sala virtual e quantos alunos quiser”, comentou. “E aí você pega uma justificativa bonita, porque a USP irá pegar um nome bonito, e vende como se fosse uma grande inovação, uma coisa maravilhosa.”
Assim, o ensino híbrido entraria no mesmo rol do que tem sido os professores temporários, contratados fora do Regime de Dedicação Integral à Docência e à Pesquisa (RDIDP), a seleção de pós-doutorandos no Programa de Atração e Retenção de Talentos (PART) e aposentados para dar aula. E não algo baseado nos benefícios pedagógicos da hibridização.
De acordo com Ricupero, o modelo também seria uma forma de quebrar o tripé do ensino, pesquisa e extensão. Isso porque poderia liberar os professores de seus encargos com o ensino, para se dedicar à pesquisa, o que gera mais publicações e melhora a posição da Universidade nos rankings.
Essa não seria a primeira vez que a USP emprega tecnologias de comunicação e informação para tentar mitigar os efeitos da falta de professores. O curso de Língua Brasileira de Sinais (Libras), por exemplo, há muito tempo é dado no formato EaD.
Em 2005, o Decreto de Nº 5.626 institui Libras como disciplina obrigatória para cursos de licenciatura e de Fonoaudiologia. Com apenas um professor no Departamento de Linguística da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) especializado em Libras, Felipe Venâncio, e diante da grande demanda reprimida de alunos, as aulas passaram a ser dadas principalmente no Moodle. Monitores, que eram estagiários do departamento, ficavam responsáveis por corrigir as atividades e tirar dúvidas em plantões presenciais.
A recém-formada em Letras pela USP, Mariana Oliveira, categorizou a disciplina como “tapa-buraco”. “Eu sinto que poderia ser uma disciplina muito boa. A gente sente que não foi um aprendizado efetivo”, disse. Ela cursou a disciplina em 2017, antes da covid-19.
Da entrada de Leonardo Aguiar na monitoria de Libras, em março de 2017, a sua saída, em janeiro de 2019, os vídeos disponibilizados no Moodle não haviam sido trocados nem foi adicionado mais material. “Por essa falta de investimento, a produção de vídeos não continuou”, disse Aguiar.
Uma forma de aumentar oferecimento de optativas
O relatório produzido pelo GT de Reformulação Curricular citado Vahan na reunião do CO também afirmava que a utilização de ferramentas modernas no ensino poderia viabilizar o oferecimento de optativas, ainda que com baixa demanda. Disciplinas que de outra forma não conseguiriam existir “por não haver um corpo docente suficientemente amplo”, afirmou.
A reformulação do curso de Marketing da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) busca sanar essas lacunas por meio do ensino híbrido. O projeto busca reduzir o foco em conteúdos expositivos e reforçar o aprendizado de habilidades, como liderança, flexibilidade e cooperação. Os professores disponibilizarão videoaulas, enquanto no presencial haverá dinâmicas de grupo e exercícios.
Segundo José Mauro da Costa Hernandes, professor de Marketing da EACH, isso irá permitir que o professor tenha mais tempo para lecionar optativas. “Nosso desejo é contratar mais professores, nós estamos brigando há dez anos pela contratação”, respondeu quando perguntado por que não apenas contratar mais docentes.
A proposta coordenada pelo professor Carlos Garrido da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) também se volta para o oferecimento de optativas. Vencedora do CAEG, ela visa oferecer aulas remotas para que alunos cursem disciplinas optativas de outros campi e unidades. Assim, o curso de Física Médica na FFCLRP possuirá maior integração com as unidades FMRP, EESC e IFSC. Estudantes de Física Médica. Foto: divulgação.
A inclusão de alunos de baixa renda no ensino híbrido
Uma das preocupações dos representantes discentes que têm acompanhado de perto as discussões em órgãos da USP como o Conselho Universitário e o Conselho de Graduação é a inclusão de alunos de baixa renda nas aulas não-presenciais.
A discussão sobre o ensino híbrido e a desigualdade entre os alunos da USP tem sido “inexistente” no CoG, conta Guilherme Proença, representante discente da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária (FEA) no órgão.
Proença relata que as discussões têm focado na narrativa de modernização curricular e ocorrido de forma superficial, considerando que as propostas caminham para a substituição das aulas presenciais, mais do que apenas um complemento a elas. “Existe essa defesa aberta e há um estímulo, mas não há uma diretriz clara. Agora os cursos têm que organizar esse processo”, comentou.
Juliana Godoy, RD do CO e coordenadora-geral do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da USP, afirmou que as discussões da hibridização foram adiadas ante a emergência da pandemia. Para ela, a falta de discussão de como o processo irá ocorrer traz certa insegurança. “A gente tem dificuldade de visualizar essa modernização que é excludente e não atinge todos os estudantes e da mesma forma.”
Na Faculdade de Medicina (FM) e na Faculdade de Odontologia (FOUSP), que também passarão por reformulações completas com previsão de redução de aulas presenciais, a expectativa é de que o oferecimento de kits de internet e equipamentos continuem após a pandemia.
O projeto de reformulação curricular
Desde a gestão de Marco Antonio Zago (2014 – 2017), a reformulação curricular tem sido um projeto da Reitoria. Mas, com a pandemia, a hibridização e as metodologias ativas ganharam os holofotes.
Na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEARP), o debate sobre reformulações curriculares já corria há quase três anos. A utilização de elementos de aulas remotas para substituir as presenciais também estavam em pauta, conta a professora Paula Carolina Ciampaglia Nardi, mas ainda existiam muitas dúvidas. Na pandemia, “a gente começou a ter mais segurança desse processo [aulas remotas], menos medo, porque antes era algo que não tínhamos ainda entrado tanto”, comentou.
A Unidade foi uma das vencedoras do edital Novos Currículos para um Novo Tempo na categoria de readequações curriculares. De acordo com Nardi, a proposta prevê que 20% das matérias multidisciplinares sejam dadas de forma híbrida, enquanto cinco ou seis disciplinas serão por EaD de forma experimental.
Outro projeto da FEARP para hibridização venceu o CAEG. Trata-se da capacitação de seis unidades (FEA, FO, FI, EP, FSP) para o modelo híbrido por meio da transformação de uma disciplina para os métodos ativos. Depois, a ideia é que os professores das disciplinas se tornem disseminadores do modelo dentro de suas respectivas unidades. José Dutra, envolvido no projeto, acredita que, com a evolução das tecnologias e dos métodos, algumas disciplinas poderão se tornar quase 100% virtuais. Fachada do bloco 2 da FEARP, 12/05/2017. Foto: Vladimir Tasca/Imagens USP.
Durante a gestão do vice-reitor Hernandes na Pró-Reitoria de Graduação (2014 – 2017), surgiram diversas iniciativas para a modernização curricular. Dentre elas, os Congressos de Graduação que reuniam a comunidade universitária para compartilhar experiências de ensino. Alguns dos temas mais recorrentes nos Congressos tratavam de metodologias ativas, sala de aula invertida, produção de videoaulas e utilização de ferramentas tecnológicas.
Houve ainda outros incentivos para a produção de videoaulas, como o Centro de Aperfeiçoamento Didático (CAD), que surgiu no mesmo ano que o Congresso de Graduação. Com polos em São Paulo, Piracicaba e Ribeirão Preto, o grupo buscava auxiliar professores na adoção de metodologias ativas.
No entanto, Luciana Mara Monti Fonseca, coordenadora do CAD em Ribeirão Preto, relata que esses materiais não tinham por objetivo substituir aulas presenciais, apenas ser um complemento a elas. O CAD acabou em 2017, com a troca de gestão da universidade, que considerou os ganhos pequenos por não atingir a maioria dos docentes. Muitos deles, diz Fonseca, tinham medo de que os procedimentos do CAD fossem para o lado do EaD.
Com o edital Novos Currículos, a Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) planeja montar um estúdio multimídia. Segundo o coordenador do projeto, Ricardo Augusto Dias, o estúdio poderá servir para gravar lives, videoaulas e entrevistas. Os materiais seriam empregados principalmente, para matérias mais técnicas do ciclo básico, diminuindo a necessidade de se deslocar até o campus. Outra proposta é montar um sistema de vigilância na sala de cirurgia, em que uma câmera poderia ficar disposta em cima da luz para que os alunos possam acompanhar cirurgias a distância ou assistir depois. Laboratório cirúrgico da FMZV. Foto: Marco Santos/Imagens USP.
Além disso, algumas Unidades montaram estúdios de produção de videoaulas. Na FEA-USP, foi criado o Laboratório de Aprendizagem e Ensino (LAE), que oferece suporte para professores na elaboração de videoaulas. No site institucional, o LAE sugere a produção de vídeos de 15 a 20 minutos para a substituição de aulas presenciais, dentro dos conformes do ministério da Educação. Hoje, é permitido que até 40% da carga horária dos cursos de graduação presenciais seja dada em EaD.
O departamento de Administração da FEA, desde 2018, dispõe de um Comissão de Inovação Pedagógica, que realiza oficinas com professores para modernização curricular, coordenado por Adriana Backx. Agora, com os recursos do CAEG, a professora tem feito cursos no mesmo sentido com professores da EACH, ESALQ, FEA e FEARP ligados ao projeto. Backx afirma que a hibridização poderá oferecer salas de aulas menores, focadas nos processos de aprendizagem subjetivos dos alunos, o que iria demandar maior número de docentes ou, na falta deles, monitores de pós-graduação. Oficina da Comissão de Inovação Pedagógica em abril de 2019. Foto: reprodução Facebook/arquivo pessoal.
A relação entre USP e Univesp
Ainda em 2010, o então reitor João Grandino Rodas afirmou, em reunião do Co, que a Universidade estava realizando “testes práticos” de cursos em EaD. O ex-reitor assegurou que “de maneira nenhuma esse teste significa que a Universidade de São Paulo está estabelecendo políticas com referência ao ensino semipresencial”. E completou: “quem decidirá se haverá outros cursos semipresenciais ou não serão os Senhores Conselheiros”.
Um dos testes ao qual Rodas se refere é o curso de Licenciatura em Ciências em EaD ou Semipresencial, oferecido pela USP em parceria com a Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp). O curso era ministrado por meio de videoaulas e, de 15 em 15 dias, havia plantões presenciais.
Na época, a pró-reitoria de graduação instituiu uma Comissão Executiva encarregada de implementar o curso. Gil da Costa Marques, coordenador da Comissão, afirma que o curso deixou muitos materiais, como vídeos e livros, “ganhamos uma grande experiência e os alunos saíram com uma formação bastante boa”. Financiada pela Univesp, a Licenciatura em Ciências em EaD terminou em 2015, por conta da crise econômica que se instaurou nas universidades paulistas.
Marques conta que o número de professores no curso era menor do que nos presenciais. Predominavam tutores para os encontros presenciais, que eram, em geral, alunos de doutorado e mestrado. Contudo, os cursos demandavam maior número de servidores, inclusive para a produção de vídeos, chegando até 42 funcionários.
A Univesp surgiu em 2008, durante a gestão de José Serra no governo do estado de São Paulo. A instituição tinha dentre os objetivos a ampliação do número de vagas no ensino superior.
Carlos Vogt, um dos idealizadores da Universidade e presidente da Fundação Univesp entre 2012 e 2016, diz que a Univesp foi pensada inicialmente como um programa que envolvesse as três universidades estaduais, USP, Unicamp e Unesp.
O curso de Licenciatura em Ciências era um dos projetos pilotos, com o intuito de trazer uma maior abertura para o EaD. Mesmo com o fim do curso de ciências, um novo convênio foi assinado com a Univesp em 2017, para cooperação acadêmica na expansão de cursos e programas EaD. “Era uma forma de buscar, eu diria como política pública, envolver as universidades para criar uma cultura favorável e positiva relativamente ao EaD ou semipresencial”, afirmou.
Vogt relata que os projetos da Univesp acabaram avançando mais na Unesp e na USP do que na Unicamp. Embora a última fosse uma das universidades com maior resistência, ainda em 2019, lançou um edital de fomento ao desenvolvimento de videoaulas na graduação, “visando o desenvolvimento de ensino híbrido”. “Acho que nós ajudamos a criar essas condições de transformação para o estabelecimento dessa cultura nova, no que diz respeito aos métodos”, disse Vogt.