Universidade sobe no ranking

No início do mês de agosto, o Webometrics Ranking of World Universities – um ranking promovido por um órgão de pesquisa do governo espanhol – classificou as melhores escolas de ensino superior do mundo. Entre as 15 mil instituições avaliadas, a USP obteve a 113ª colocação – 15 posições acima, em relação ao ranking de 2007 – e foi a única universidade brasileira entre as 200 melhores do mundo.

Elizabeth Balbachevsky acredita que USP esteja entre as melhores universidades do mundo
Elizabeth Balbachevsky acredita que USP esteja entre as melhores universidades do mundo (foto: Ana Athanásio)

Elizabeth Balbachevsky, cientista política e professora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH – USP) recebeu o Jornal do Campus para comentar os critérios da avaliação e a importância do ensino superior público no Brasil.

Jornal do Campus: O ranking tem como critérios a quantidade, o impacto e a visibilidade dos artigos publicados na internet. Essa forma de avaliação reflete a realidade das instituições?
Elizabeth Balbachevsky: Esse tipo de ranking internacional, que é feito comparando as diferentes instituições em diferentes partes do mundo, leva em consideração um número pequeno de informações, que são estritamente comparáveis de um país para o outro. Esse tipo de avaliação é mais abrangente do que aquelas que só consideram os artigos publicados em revistas acadêmicas, mesmo porque todas as revistas indexadas do mundo têm uma versão digital.

JC: Você acha que esses rankings influenciam a produção acadêmica?
EB: Esse ranking não tem esse tipo de influência. Você pode dizer que internacionalmente, as universidades que aparecem nesses rankings podem atrair a atenção de grupos de pesquisa. Mas esses rankings não são decisivos para instituições do porte da USP, onde, do ponto de vista da atividade de pesquisa, os professores já são muito internacionalizados. Não é isso que vai fazer a diferença.

JC: A colocação da USP em 113º lugar foi uma surpresa?
EB: Não. Ela reflete mais ou menos a realidade da Universidade. A USP consome uma quantidade bastante grande de recursos e tem como resultado uma universidade com muitas áreas de padrão internacional. Nas áreas de ponta, ela tem bastante visibilidade internacional.

JC: Como esse ranking beneficiaria politicamente a USP?
EB: Esse ranking pode ser utilizado como argumento contra o processo de massificação predatória da universidade. A gente vive um risco muito grande em torno dessa questão da massificação. O risco disso é transformar a universidade numa instituição de ensino, exclusivamente.
Um resultado desse tipo de lista permite que a universidade se defenda de políticas massificadoras.
Esse tipo de ranking aumenta a visibilidade da pós-graduação, porque a mídia, os políticos e a população só olham para a graduação. Ninguém leva em consideração que a USP tem quase o mesmo número de alunos na pós-graduação. O diferencial das universidades públicas no sistema brasileiro de ensino é a vocação para a pesquisa. As três universidades públicas paulistas formam quase 50% dos doutores do Brasil; nós qualificamos os quadros de professores que vão dar aula em todas as faculdades do país. A nossa importância está principalmente nas atividades de pesquisa.