Diminuição da criminalidade passa por consciência comunitária

A Cidade Universitária, como qualquer local de São Paulo, passa por diversos problemas relacionados à violência. Roubos, furtos e até mesmo crimes sexuais, são ocorrências que acabam gerando insegurança dentro do ambiente universitário. Apesar do choque causado por esses acontecimentos, há de se pensar se não existe uma cultura do medo, disseminada por toda a sociedade, e que inevitavelmente influencia o comportamento dentro do campus. A prevenção talvez seja a melhor forma de lidar com a questão, mas existem diferentes abordagens que podem ser feitas.

Quando se pensa em violência na universidade, são várias as causas citadas. Os atrativos do Campus, como equipamentos, carros e pessoas de alta renda, são um fator importante. A própria configuração espacial do campus também contribui, pelos vários espaços vazios, com falta de iluminação ou vigilância. Para Leandro Piquet, professor de Ciência Política na FFLCH e pesquisador do Núcleo de Estudos de Políticas Públicas, “certas dinâmicas universitárias, como festas e o consumo de bebidas alcoólicas, também acabam por gerar um ambiente que propicia a presença de indivíduos com a intenção de cometer um crime.”

A forma de trabalhar essas questões, segundo Piquet é priorizar a prevenção, “aumentando a guarda universitária, a ronda ostensiva, o controle do acesso aos locais e até mesmo uma possível retomada da parceria com a Polícia Militar.” Para Paula Ballesteros, pesquisadora do Núcleo de Estudos da Violência, “a questão da prevenção deve sim ser tratada com seriedade, criando-se ambientes seguros, mas também não podemos acabar com os ambientes de socialização.” Paula afirma que a violência é um problema de toda a sociedade, não apenas da universidade. “A culpa também não deve ser colocada no outro, de fora, mas sim criar uma cultura de pertencimento e de comunidade, que estimule as pessoas a defenderem umas às outras e o espaço que frequentam.”

Ambos os pesquisadores concordam quanto ao aumento da vigilância, pois a presença de guardas sempre cria um ambiente mais seguro. Contudo, a questão das câmeras deve ser bem pensada, pois, como afirma Paula “elas são eficientes desde que os profissionais responsáveis sejam competentes e as diretrizes de atuação, tanto das câmeras quanto da guarda universitária, respeitem a integridade e os direitos das pessoas.”

A violência é causa e consequência da dissociação que há sociedade, pensar a solução dos problemas apenas com o uso da tecnologia, por vezes acaba sendo insuficiente. Como afirma Paula, “é preciso envolver as pessoas para que elas vejam que não só o problema é delas, como também a solução.”