Lei defende saúde de não-fumantes, dizem médicos

Polêmica no que concerne à liberdade de quem fuma, a lei antifumo é vista por médicos como um passo decisivo na luta contra o tabagismo, pois defende o direito daqueles que escolhem não fumar de terem sua saúde preservada. “O fumante é livre para fumar, mas não tem o direito de prejudicar a saúde de quem não fuma”, diz o cirurgião torácico Dr. Miguel Tedde, do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (Incor – HCFMUSP).

Atualmente, é comum que em restaurantes, empresas e outros ambiente fechados existam áreas reservadas a fumantes que, contudo, dividem o sistema de ar condicionado com o restante do espaço onde é proibido fumar, o que espalha a fumaça por todo o ambiente. Com a lei, essas áreas devem desaparecer, o que preocupa os donos de diversos estabelecimentos que temem perder seus clientes fumantes. Porém, o Dr. Ubiratan Santos, pneumologista do Incor, explica que “em outros paises que já têm essa proibição foi constatada uma diminuição inicial no movimento de restaurantes e afins. No entanto, com o passar do tempo a população se acostumou e a freqüência voltou ao normal”.

No caso de locais como as charutarias, onde será permitido o consumo de produtos do fumo, o Dr. Ubiratan sugere a criação de um sistema self-service para impedir que funcionários sejam expostos aos malefícios da fumaça do tabaco.

Dentre os riscos dessa exposição, os maiores são para os sistemas respiratório e cardiovascular. ” Nos fumantes passivos ocorre um aumento de, em média, 40% dos casos de infarto e 30% nos de câncer de pulmão. Além disso, é maior a incidência de descompensações de doenças respiratórias crônicas, como a asma”, explica Dr. Ubiratan.

No caso de gestantes que fumam durante a gravidez há três vezes mais chance da criança desenvolver asma na vida adulta, assim como também aumenta o risco de ocorrência da Síndrome da Morte Súbita Infantil, na qual o bebê morre de repente e sem causa aparente. “O maior problema, porém, para crianças e jovens é o mau exemplo dado pelos pais” diz o Dr. Tedde.

Os dois médicos da USP concordam que as restrições serão obedecidas se houver um conjunto de ações que suportem o espírito da lei. Para o Dr. Tedde, é fundamental que a sociedade civil e as entidades médicas se manifestem em defesa da lei. Para o Dr. Ubiratan, o alto preço do cigarro será decisivo para a mudança desse hábito que já dura quase um século.

Além disso, a colaboração da mídia com ações que desestimulem o fumo também é importante para que um número maior de pessoas seja conscientizado.