Reitores se negam a discutir repressão contra servidores

Apesar de mobilização, primeira negociação com Cruesp não chega a acordo e mais unidades aderem à greve (foto: Camila Souza Ramos)
Apesar de mobilização, primeira negociação com Cruesp não chega a acordo e mais unidades aderem à greve (foto: Camila Souza Ramos)

O Conselho de Reitores das Universidades Estaduais de São Paulo (Cruesp) rejeitou as principais reivindicações do Fórum das Seis (entidade representativa dos servidores públicos das três universidades públicas paulistas). A única concessão foi um reajuste salarial de 6,05%, equivalente à inflação acumulada nos últimos 12 meses registrada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).  A Adusp afirmou, em informe, que repudia a proposta do Cruesp e marcou paralisação para o dia 25/5. Neste dia haverá mais uma rodada de negociação entre o conselho e as entidades sindicais.

O Cruesp não aceitou que a pauta sobre o fim da repressão contra o movimento sindical fosse negociada antes das reivindicações de reajuste salarial dos funcionários. A reivindicação de reajuste por perdas históricas no poder de compra também foi rejeitada. De acordo com Magno Carvalho, um dos diretores do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), se fossem consideradas as perdas relativas à época de hiperinflação no fim da década de 1990, a reitoria deveria reajustar os salários em 70%. Os funcionários pediam que 10% dessa porcentagem fosse acrescida em seus salários.

A assessoria de imprensa da Reitoria afirma que os reitores das universidades estaduais desconhecem essa perda no poder de compra e dizem que os reajustes sempre seguem a inflação anual. Magno contesta: “Houve anos em que o reajuste foi bem menor à inflação, e outros em que foi maior”. “Em 2000, o reajuste foi de 24,9%, bem mais que a inflação do ano”, exemplifica. Ele conta que nos últimos três anos, o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) aumentou 30% a mais do que o reajuste salarial concedido ao funcionalismo. “Há dinheiro sobrando”, diz.

O Cruesp ainda alegou, na reunião com o Fórum das Seis, que a previsão de diminuição na arrecadação do ICMS devido à crise econômica impediria um reajuste salarial para além do que foi concedido. De acordo com a arrecadação prevista pelo conselho, o reajuste representaria 93,46% do orçamento da USP de 2009, ultrapassando o limite máximo de verbas que a universidade pode despender com folha de pagamento de funcionários, que é de 85% do orçamento total. Já segundo a previsão de arrecadação de ICMS do Sintusp, o reajuste reivindicado cabe dentro do teto estabelecido. “A Reitoria sempre faz previsões pessimistas”, critica Magno.