Instalação de catracas deve ser pensada com cautela, opina professor

A presença de catracas em unidades da USP como os institutos de Biologia e Odontologia e os projetos de instalação desses equipamentos nas faculdades de Economia, Administração e Contabilidade e de Educação devem ser pensados com cautela para que não haja contradição entre medidas de segurança e o espírito de liberdade e autonomia da universidade. Segundo Marcos César Alvarez, professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), a segurança “é para o patrimônio e não deve restringir o acesso ao conhecimento”.

O professor do curso de Ciências Sociais explica que, em um primeiro momento, não há contradição entre medidas de segurança e a liberdade dentro do espaço público universitário. No entanto, ele diz que as tecnologias “não são neutras”. “As unidades deveriam servir para a população e não se pode vedar a entrada em bibliotecas, por exemplo”.

Para o docente, catracas, câmeras de vigilância e outros recursos devem estar associados a um comportamento da comunidade e dos freqüentadores dos espaços. Caso isso não ocorra, haveria um custo sem sentido para as faculdades. “Não adianta gastar dinheiro com tecnologia se não houver engajamento”, afirma. Um bom passo nesse caminho viria de ações “banais”, como aponta o professor. “Tomar cuidado com objetos pessoais e equipamentos deixados nas salas de aula, trancar portas ao sair, fechar as janelas”, exemplifica.

Uso do espaço

Alvarez argumenta que não é só a universidade que apresenta problemas quanto ao aproveitamento do espaço público. “No Brasil, historicamente, há um pensamento predominante de que os espaços públicos estão lá como lugares a serem ocupados, privatizados”, diz. “Colocar catracas na universidade e fazê-la parecer uma empresa cria uma tradição que não deve ser a de centros como a USP”, completa.

O professor enfatiza que a discussão não é simples. Segundo ele, há interesses conflitantes quando se fala no uso de qualquer espaço público. “Pessoas de fora gostariam que a universidade ficasse sempre aberta, à disposição delas, mas há também o outro lado, a questão da segurança e do bom funcionamento das unidades”, explica.

Outro problema diz respeito à segregação dentro da própria universidade e o risco de se criar unidades reclusas. “O ideal é que seja aberto. Eu, mesmo sendo da FFLCH, freqüento a Faculdade de Direito, a Medicina, e acho que não poderia ser colocado um obstáculo. Além disso, unidades com mais recursos poderiam adota