No final do primeiro tempo, o Corinthians vencia

Um jornal diário às vezes tem destas coisas: cai um avião bem na hora do fechamento, e é preciso mandar as páginas para as rotativas sem saber ainda o número de vítimas ou se há sobreviventes.

A solução é avisar ao leitor: “Até tal hora, não havia informações sobre o número de mortos”.

Mas esse é um recurso que funciona mal para um veículo quinzenal, como o Jornal do Campus, e ainda pior se o assunto é uma competição em andamento.

A equipe de Esportes acerta ao dar destaque para o BichUSP, um evento que movimenta todas as unidades. Joga papel fora, porém, quando se preocupa em registrar a classificação na primeira rodada: no dia em que escrevo este texto, por exemplo, já se passaram mais duas rodadas e a notícia já caducou.

O JC está correto ao supor que o leitor se interessa por saber qual escola está na frente, e teria uma boa solução à mão: usar o site do JC Online. A internet é a plataforma ideal para informações que ainda vão ser atualizadas até a próxima edição do jornal impresso.

Se não, é o mesmo que publicar que o Corinthians vencia o primeiro tempo de um jogo que, depois de impresso o jornal, terminou com uma goleada do Tricolor.


Pegando no pé 1 – É louvável a veia crítica da reportagem que ganhou manchete, sobre a transferência das bibliotecas da Faculdade de Direito. Mas faltou um pouco de fôlego à apuração. Há muita coisa atribuída a fontes não identificadas e muitos verbos no condicional.

Pegando no pé 2 – FD, VET, EEFE, IPCC, CAC, EAD, 3D. Excesso de siglas nos títulos e textos do jornal. Morei a vida toda às portas da Cidade Universitária e fiz dois cursos na USP, mas tive que chegar à penúltima frase do texto para saber quem é a misteriosa EEFE dos craques do futsal.

Pegando no pé 3 – Um jornal que se preze não deve ter erro de português no título, como aconteceu no alto da página 3.

Ana Estela de Sousa Pinto, 45, é formada em agronomia e jornalismo pela USP. Trabalha na Folha de S.Paulo, onde é responsável por seleção e treinamento.