Fotografia, ciência e paixão

Na USP, fotografar não se resume a um simples clique. Alguns transformam esse hobby em ferramenta de pesquisa e outros em complemento de seu curso

(Ilustração: Daniel Argento)A fotografia registra cenas do cotidiano das pessoas, das cidades e também da ciência. Desde o século XIX, quando Edward Muybridge e Étienne-Jules Marey, usaram-na para fazer imagens dos movimentos dos animais, a fotografia assumiu uma nova utilidade, a foto a serviço da ciência.

A fotografia científica ganha espaço entre pesquisadores da USP como forma de registro de seus trabalhos. Bruno C. Vellutini, em seu mestrado desenvolvido no Centro de Biologia Marinha da USP, fez uma sequência de fotomicrografias das bolachas-do-mar. As fotos resultaram em um vídeo detalhado sobre o ciclo de vida desses animais, disponibilizados em seu site. O uso das imagens possibilitou uma divulgação e um alcance maior de sua pesquisa.

Apesar de sua importância científica, um dos grandes obstáculos para a maior aplicação desse tipo de fotografia é o custo dos equipamentos. “As câmeras digitais reflex têm apresentado constante diminuição de custos, tornando-se ultimamente mais acessíveis. Mas microscópios equipados com câmeras fotográficas digitais ainda têm custo elevado, diretamente proporcional à sua qualidade”, diz Eduardo Masami, biólogo e doutor pelo Instituto Oceanográfico da USP, que trabalha hoje com a fotografia científica.

Os equipamentos necessários geralmente dependem de orgãos de fomento à pesquisa como Fapesp e CNPq.

Lívia Melzi, do 5º ano de oceanografia e estudante de fotografia do Senac, sente falta de um maior uso da imagem fotográfica no seu curso. Segundo ela, o custo dos equipamentos, principalmente subaquáticos, dificulta o desenvolvimento da fotografia no instituto.

Não há nenhuma matéria relacionada diretamente ao tema. Juntamente com alguns amigos, Lívia planejou a criação de um grupo de fotografia no IO, “faltou tempo para elaborar o que queremos, mas o projeto existe no papel”. O grupo pretendia suprir algumas das necessidades fotográficas do instituto. Lívia diz que isso possibilitaria a união de seu conhecimento científico e fotográfico (veja mais fotos).

Aplicação prática

Masami af irma que a fotografia científica possibilita a catalogação de espécies. Imagens submarinas, por exemplo, são utilizadas para estudos de instalação dos recifes artificiais, o que permite observar a sucessão ecológica nestas estruturas.

É possível acompanhar a evolução de acidentes ambientais, como o caso de derramamentos de petróleo no mar.