Casal é sequestrado e liberado após duas horas

Sequestro-relâmpago em frente à livraria João Alexandre Barbosa reabre discussão sobre eficiência da Guarda Universitária na USP

Um casal foi vítima de mais um caso de violência na USP, na última sexta-feira, 5 de novembro. Paulo e Lara (nomes fictícios) sofreram um sequestro-relâmpago quando saíam da livraria João Alexandre Barbosa, no prédio da Antiga Reitoria.

Depois do encerramento de um evento, por volta das 21 horas, quando termina o turno dos seguranças terceirizados do local, eles se dirigiram ao seu carro, quando foram abordados. Segundo Paulo, não havia ninguém no local: “Mesmo nas áreas próximas aos bancos, não tinha um segurança sequer”. Obrigado a entrar pelas portas de trás, o casal foi levado a um cativeiro, onde permaneceu por cerca de duas horas. Em depoimento, as vítimas disseram que o local parecia um “barraco”, de onde pessoas entravam e saíam constantemente.

Redondezas da livraria estavam sem segurança (foto: Leandro Gouveia)
Redondezas da livraria estavam sem segurança (foto: Leandro Gouveia)

Após darem suas senhas bancárias, os dois foram deixados na rodovia Raposo Tavares. Além do carro, os assaltantes levaram celulares e dinheiro.

Para Paulo, a Guarda Universitária (GU) não está preparada para um evento como o sequestro da última sexta. “Já que a USP tem autonomia, deveria contratar uma guarda civil, porque assim não pode ficar”, diz a vítima, que se sente “impotente” com os momentos de “horror” pelos quais ele e sua mulher passaram.

O crescimento da criminalidade na Universidade nos últimos meses chama a atenção para a vulnerabilidade desta região. Apesar da grande queda em relação a 2008, o número de furtos de automóveis aumentou quase 235% entre os meses de janeiro e setembro deste ano, em relação ao mesmo período de 2009.

No dia 30 de setembro, sete criminosos levaram de 700 a 900 mil reais da agência do banco Santander. A ação foi de cinema. Segundo um funcionário que não quis se identificar, os bandidos, que se comunicavam por rádio, conheciam a parte de dentro do banco e tinham informações pessoais do responsável pelo cofre.

Procurado para esclarecer os motivos da ineficiência da GU, bem como das câmeras instaladas na Cidade Universitária – orçadas em 2,5 milhões de reais, em 2008 – o coordenador do campus da capital, José Sidnei Martini, não quis conceder entrevista.

Parceria com a PM

Frente ao aumento da criminalidade no campus, a GU e a Polícia Militar desenvolvem desde o dia 20 de outubro uma parceria que visa diminuir o número de furtos e roubos de automóveis, além de intimidar motoristas que abusam da falta de fiscalização.

Segundo o inspetor operacional da GU, Tadeu França, alguns bloqueios passaram a ser feitos esporadicamente em pontos estratégicos do campus. Nas ações, os policiais param veículos suspeitos, verificam a documentação do motorista e o vínculo com a USP e, em alguns casos, revistam o veículo.

A opinião dos alunos é heterogênea. Alguns se mostram insatisfeitos com a parceria. Para Tomas Irici, aluno do primeiro ano de Artes Plásticas, a atitude “é uma afronta à memória do que foi a ditadura militar e ao que significa ter a polícia aqui dentro”. No entanto, Marcelo de Oliveira, do quarto ano de Ciências Contábeis, pensa diferente: “Se for pra aumentar a segurança, não vejo problema. Acho válido”.

(Infográfico: futos e acidentes na Cidade Universitária)