Tumulto encerra Assembleia entre moradores do Crusp

A assembleia de moradores do Crusp começou confusa. Os apoiadores das chapas, seja a eleita Nova AmorCrusp seja da derrotada Aroeira, não se entendiam sobre os temas que seriam votados.

Durante a Assembleia aconteceram alguns fatos que acenderam o ânimo dos presentes. O microfone foi desligado enquanto um morador ligado à Nova AmorCrusp discursava. Logo em seguida, parte dos alunos que estavam na Assembleia gritaram “Fora Coseas”, em alusão à carta que a Coordenadoria de Assistência Social (Coseas) divulgou em apoio à Nova AmorCrusp. Após isso, foram lidas as propostas para a Assembleia e, antes que o locutor acabasse de elencar todas as propostas, iniciaram-se vaias e uma competição de gritos de ordem entre os moradores que assistiam a reunião.

O impasse foi criado na escolha de quem presidiria a banca. A falta de acordo e diálogo entre os apoiadores das duas chapas impediram a decisão.

O ambiente era caótico e ora ou outra pipocavam bate-bocas mais calorosos, alguns terminando em princípios de briga, com direito a empurrões e puxões de cabelo. Percebia-se que alguns estudantes estavam receosos perante o clima de tensão que reinava, enquanto muitos apenas riam. Um morador resume o que achava daquela situação: “isso é um circo mesmo”.

As duas chapas não conseguiam eleger ninguém neutro o suficiente para presidir a mesa. Os dois lados se acusavam de tentar realizar manobras políticas para inviabilizar a assembleia ou desvirtuar seu caráter democrático. “Esses jogos de poder são frequentes”, afirma aluno da Psicologia.

Os moradores do Crusp procurados pela reportagem concordavam em dar entrevistas, mas sem se identificar, com medo de sofrer intimidação. “Tanto essa gestão como a anterior são corruptas. Esse pessoal não é flor que se cheire. O que eles querem é poder para embolsar dinheiro [proveniente do aluguel do cabeleireiro, da padaria e do xerox]”, afirma o aluno da FFLCH. Ele, contudo, faz uma ressalva, “a atual gestão fez coisas boas, como a compra de máquinas de lavar no bloco C. Precisava e fizeram, mas eu não acredito que não haja corrupção nestas gestões. Não acredito que eles se preocupem com o bem-estar dos cruspianos”, diz.

Moradores do Crusp participam de Assembleia (foto: Marcelo Pellegrini)
Moradores do Crusp participam de Assembleia (foto: Marcelo Pellegrini)

Confusão e empurra-empurra

Foi praticamente uma hora de discussão e as opiniões dos alunos continuavam divididas. O teto máximo estipulado para o fim da Assembleia, 0 hora, se aproximava e nem a composição da mesa estava decidida. Alguns moradores já tinham desistido e se retirado. Um deles alertava, “fica esperto que isso vai acabar em confusão”.

Alguns minutos depois, ouviu-se um grupo de alunos vindo dos blocos em direção da assembleia, dizendo “Vamos retomar, vamos retomar”. Logo que eles se encontraram com a multidão que assistia à assembleia, alguém grita “ele está armado”.

Pronto. O caos que se anunciava, de fato, se instalou. A multidão se dispersou assustada.

Após 15 minutos, a quantidade de moradores na assembleia era bem menor. Muitos desconfiavam que não havia ninguém armado e que tudo não passara de um boato para esvaziar a assembleia.

Era 1 da manhã quando os repórteres se retiraram do local. A Assembleia terminou como começou, sem nenhum resultado.


Nota publicada na edição 381 (junho de 2011) do JC

Ao contrário do divulgado equivocadamente na matéria “Tumulto encerra Assembleia entre moradores do Crusp” da edição número 379 do Jornal do Campus, a antiga gestão Aroeira, predecessora à Nova AmorCrusp, não participou da retomada da sede da AmorCrusp. Na realidade, a gestão Aroeira se dissolveu depois de 2009 e apenas alguns ex-integrantes desta extinta gestão participaram da Assembleia que culminou na retomada da sede.

Ao mesmo tempo, na Assembleia realizada no dia 9 de maio, de fato houve uma pessoa portando uma faca, segundo consta em boletim de ocorrência devidamente registrado 91º Departamento de Polícia. Conforme escrito na matéria, este evento foi o responsável pela dissolvição da Assembleia realizada no dia 9 de maio.