Com uma manchete alarmante, mas necessária para a importância do tema, o Jornal do Campus inicia um bom dossiê sobre a violência na USP. O texto da capa, porém, poderia ser menos editorializado e mais informativo. Com números e personagens aterrorizados pela crise, por exemplo.
Nada, porém, que tire os méritos do bom levantamento feito pelo repórteres. O dossiê mostra como a direção da universidade falhou e se omitiu no sistema de segurança. O destaque “USP sabia dos casos de assalto na FEA”, cenário do assassinato do estudante Felipe Ramos de Paiva, é o ponto principal da apuração.
As duas páginas centrais com o “Especial violência”, de alentado conteúdo, só pecam no quesito diagramação. Talvez a turma tenha enfrentado alguma dificuldade de ordem técnica na gráfica, mas ficou estranho, para dizer o mínimo, a distribuição dos textos. Uma matéria no rodapé chega a ter oito colunas, dificultando muito a leitura. Por que não foi respeitada a dobra, como de praxe?
Quanto ao texto, tem melhorado muito. E isso vale para toda a edição. São detalhes preciosos que situam a USP no Estado, no país, no mundo, deixando de ficar apenas no umbigo universitário. Como em um trecho da abertura do “especial” no qual a repórter lembra que outros casos do noticiário – Palocci, Código Florestal etc – obscureceram a repercussão do assassinato no campus.
Outro texto que merece destaque, bem mais leve, como o assunto pedia, é o da última página, sobre os chorinhos na USP. O lead joga com boas tiradas, como as possíveis lágrimas dos marmanjos e os emos.
O ombudsman nunca esteve tão bonzinho, fofo, e até um pouco emo, para lembrar aí a gozação do chorinho. Nada disso. É que é bom sentir as melhoras. Por isso, palmas também para a reportagem que abre a página dos Esportes – sobre deficientes físicos.
Outro ponto forte da edição é a “Nota ao leitor”. É realmente um absurdo que a direção da USP dificulte o acesso à informação aos jornalistas do JC da maneira que é apontada no texto. Foi um bom alerta para a comunidade. Merecia, porém, ser publicada, mesmo que resumida, na capa do jornal.
Saudações universitárias e até a próxima.