Mestrando tenta quantificar benefícios das lutas à saúde

O crescimento das modalidades de lutas no Brasil é notável e, como todo esporte, os benefícios para a saúde são aparentes. Faltam, porém, provas mais científicas que possam mostrar quanto a prática pode contribuir para o indivíduo. E é nesse sentido que Juliano Schwartz está elaborando a sua dissertação de mestrado na Escola de Educação Física e Esporte (EEFE).

“Todo mundo que prática ou já praticou sabe que as artes marciais contribuem para a saúde e qualidade de vida dos seres humanos. Isso é óbvio, é vivência. Só que falta uma evidência científica mais direta, até para quantificar, ou seja, para falar quanto é essa contribuição”, afirma Juliano.

O estudo ainda está em fase de coletas de dados e oferece uma avaliação física gratuita para os praticantes de judô, jiu-jitsu, taekwondo, kung-fu e caratê. Juliano percorre academias de lutas pela cidade de São Paulo ou recebe os praticantes dentro da própria EEFE.

Os lutadores devem passar por uma bateria de testes que são recomendados pelo Colégio Americano de Medicina Esportiva (ACMS). São cinco etapas nos testes. Primeiramente, os lutadores passam por coletas de dados (porcentual de gordura, peso, altura e circunferência da cintura e do quadril). Na sequência, são avaliados o condicionamento aeróbio, a força muscular, a resistência muscular e a flexibilidade dos praticantes. “Esses cinco componentes constituem o que chamamos de aptidão física relacionada à saúde”, explica Juliano.

As avaliações são as mesmas aplicadas em pessoas comuns, e os números obtidos são comparados aos recomendados pela Organização Mundial de Saúde. “A gente quer saber a contribuição para a saúde. Tanto que o tema do trabalho é Aptidão Física e Saúde”, conta o professor Juliano.

Bateria de testes

Em uma das baterias de testes oferecidas por Juliano na academia de caratê Mushinkan, o clima entre os avaliados era de brincadeiras e satisfação.

Márcio Santos, carateca com 23 anos de prática, sofreu com as brincadeiras dos colegas. senpai da academia (lutador mais experiente, que ajuda o sensei nos ensinamentos aos mais jovens) acabou superado por um aluno e foi alvo de piadas, todas cheia de descontração. “Sou senpai de todo mundo aqui. Ai vem um conrai, que é o aluno, e faz mais abdominal que eu? Agora vou ter que bater nele”, brincou Márcio. “Achei o teste legal, mas podia abranger mais coisas”, completou.

O projeto de Juliano é orientado pelo professor Emerson Franchini, que também coordena o grupo de estudos de lutas na EEFE. A equipe de avaliadores ainda conta com a participação de alunos e ex-alunos da graduação e pós-graduação da USP e da graduação em Fisioterapia e em Educação Física, e do curso de Pós-Graduação em Fisiologia do Exercício da Universidade da Cidade de São Paulo (Unicid).