Sem nome e sem número, nascia o JC

O Jornal do Campus está comemorando três décadas de vida. Apesar de outros tantos ilustres nomes que colaboraram para sua existência, convidamos para apagar suas trinta velinhas o jornalista Luiz Carlos Azenha.

De um período pré-JC, Azenha participou de uma fase em que o jornal ainda vivia de edições pilotos, sem nome e sem número. Azenha fez parte da primeira turma a escrever para esse veículo que chega hoje, de maneira gratuita, a mais de dez mil leitores da comunidade uspiana.

Já tendo trabalhado em outras emissoras, Azenha faz parte da equipe da TV Record de São Paulo. Grande viajante e conhecedor de outras realidades pelo mundo afora, define para si a causa de sua facilidade em transitar por diversos assuntos: “Foi a necessidade”.

Preocupado acima de tudo com a formação pessoal e humanista dos universitários e, principalmente, dos jornalistas, Azenha propõe que, mais do que saber escrever e opinar, o que faz um ótimo profissional é “ter a capacidade de avaliar criticamente, com embasamento. Assim como na década de 80, quando era aluno, os estudantes devem se manter conscientes de que “esta é uma escola pública, financiada pelo dinheiro público”.

Aluno da USP durante os últimos anos do Regime Militar, Azenha define a experiência com a seguinte frase: “apenas quem viveu naquela época sabe o que é ter de cochichar assuntos”. E como pôde manter contatos com os meios profissionais durante a sua graduação, acredita que tudo o que se tem de experiência acaba contribuindo para nossa formação intectual. “Não tem como se livrar das experiências, sejam elas positivas ou negativas”, afirma o repórter.

A partir de suas viagens, surgiu a ideia de criar um site em que ele pudesse publicar coisas a respeito dos bastidores de seu trabalho. Com isso, em 2005 lançou Vi o Mundo: o que você não vê na mídia. Dessa experiência na internet, Azenha destaca a importância de uma mudança de postura no Jornalismo. Sendo mais dinâmica e interativa na internet, “o processo de edição não acaba com o fechamento. Tem sempre algo para corrigir, acrescentar”.

O repórter acredita que os dois maiores desafios da USP sejam “lutar contra a queda da qualidade dos profissionais que ela forma” e, algo ainda mais sério: não permitir que se ameace a autonomia universitária. Para ele, “isso é o que há de mais importante”.

Azenha conclui que, afinal de contas, o desafio do jornalista tem sido sempre o mesmo: “garantir que todas as pessoas tenham liberdade de expressão”, ou seja, “que elas encontrem canais pra se exprimir”.


Ficha

Nome: Luiz Carlos Azenha
Idade: 53 anos
Naturalidade: Bauru
Profissão: jornalista
Hobby: seu site Vi o Mundo, onde há relatos de suas viagens e reportagens, além de textos de colaboradores.