FEA continua sem câmeras externas

Após mais de um mês desde a morte de Felipe Ramos no estacionamento da FEA, o local continua sem vigilância apropriada

Em abril, André Barreto quase se tornou o primeiro aluno assassinado na USP. Além do fato de estudar na mesma escola que Felipe Ramos, morto no dia 18 de maio durante uma possível tentativa de assalto, André também compartilha com ele a sensação de ter sido abordado por dois homens armados em um dos estacionamentos da FEA. Eles colocaram André no banco de trás e conduziram o carro até a Av. Vital Brasil em busca de um caixa eletrônico que estivesse aberto.

O caso foi apenas um dos diversos comunicados à FEA, à Guarda Universitária e à Reitoria da USP. Após fazer o Registro de Ocorrência junto à Guarda Universitária, André foi aconselhado pelos próprios guardas a falar com a Ouvidoria da USP. “Mandei um email para a Ouvidoria. Eles disseram que encaminhariam minha reclamação e depois me responderiam, mas até hoje não tive resposta”, afirma o aluno da FEA.

Além da Ouvidoria, André também falou com a Comissão de Segurança da FEA, que na época já estava implantando um plano de segurança na unidade. No entanto, segundo o jornal do Centro Acadêmico Visconde de Cairu (CAVC), a diretoria não instalou câmeras nos estacionamentos, apenas dentro do prédio da FEA, em corredores e salas de aula, para evitar furto de equipamentos.

Procurada pelo Jornal do Campus em maio, a assessoria de imprensa da FEA afirmou que a instalação das câmeras seguiu um plano de segurança indicado por especialistas no assunto. Ainda de acordo com a assessoria de imprensa, o plano previa a instalação de câmeras na área externa. No entanto, as mesmas ainda não haviam sido instaladas até o dia do assassinato de Felipe Ramos.

Embora a faculdade reconheça que tinha conhecimento de casos como o de André, a assessoria explica que as prioridades foram estabelecidas em reuniões de planejamento e que os espaços externos são de responsabilidade conjunta com a reitoria. O plano de segurança da FEA inclui 150 câmeras adquiridas pela diretoria, número bem superior às 85 câmeras instaladas em pontos externos da Cidade Universitária. O número é o mesmo desde 2008, quando as câmeras foram instaladas pela então prefeitura do campus por R$ 2,5 milhões.

Atualmente, o prédio já conta com câmeras instaladas na área externa, mas todas voltadas pra os lados e nenhuma para o estacionamento, local onde ocorreu a maior parte dos crimes contra alunos da instituição.

O CAVC ressalta, ainda, que não se posiciona contra a instalação de câmeras. “O grande erro foi terem priorizado a parte interna e não a parte externa”, afirma Arthur Fisch, aluno de economia e diretor de graduação do Centro Acadêmico. Na comissão de segurança da FEA, foram pontuadas as criticas feitas pelo CAVC. “Vinham acontecendo alguns furtos dentro da FEA, mas a quantidade de sequestros relâmpagos era muito mais preocupante”, explica o estudante de economia e diretor de comunicação do CAVC, André Avrivhir.

Câmeras externas funcionam, mas não vigiam estacionamento (foto: Cleyton Vilarino)
Câmeras externas funcionam, mas não vigiam estacionamento (foto: Cleyton Vilarino)

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