Falta infraestrutura no campus de Santos

Alunos e professores da Engenharia do Petróleo debatem benefícios da mudança e falta de planejamento na transferência do curso
Colégio Cesário Bastos abrigará o curso de Engenharia do Petróleo em Santos (foto: Juliana Malacarne)
Colégio Cesário Bastos abrigará o curso de Engenharia do Petróleo em Santos (foto: Juliana Malacarne)

A transferência do curso de Engenharia do Petróleo para o Campus da USP que será criado em Santos em 2012 é polêmica entre alunos. Muitos acreditam que a decisão não resolverá problemas internos.

Para um aluno de Engenharia do Petróleo que não quis se identificar a mudança do curso foi aprovada muito rápido e a falta de planejamento diminuiria a qualidade do novo curso. “A maioria dos professores não vai para Santos, vão ter que ser contratados outros, sem experiência. Fora a questão dos professores daqui que vêm de outros institutos.”

Já o representante dos alunos de Engenharia do Petróleo Caio Mignoli diz que os alunos deram voto de confiança à transferência para Santos. No entanto, ele acredita que isso não resolve os maiores problemas do curso. “faltam vagas, laboratórios e docentes” afirma.

Ele ainda conta que em Santos o curso perderia a vivência da Cidade Universitária, tão importante quanto a graduação, e a possibilidade de diálogo com outras unidades. “Fazer um campus com um curso isolado não é a cara da USP” completa.

A Poli

O coordenador do curso, professor José Renato rebate as críticas dizendo que “realmente existem professores que não poderão ir para Santos, mas serão contratados outros lá, que não serão menos qualificados”. Ele acredita que a necessidade de transferir o curso de Engenharia do Petróleo para uma região produtora de petróleo supera as dificuldades do processo.

O chefe do departamento de Engenharia do Petróleo, Laurindo Leal, diz que realmente a falta de infraestrutura para 2012 será um problema. “Não terá Centro Esportivo, Coseas, bandeijão, entre outras coisas. No entanto temos que focar mais na solução e menos no problema”.

Para ele se a unidade santista da USP receber o apoio financeiro da Petrobrás como ocorre em outras universidades que ficam em regiões produtoras de petróleo (como a UFRJ), estes problemas serão resolvidos. “A USP ficará menos dependente do Estado e mais da iniciativa privada, como as melhores universidades americanas: MIT, Harvard, etc.”.

Além disso, ele ainda acha que a iniciativa terá muita importância na revitalização do centro de Santos, área, em sua opinião, atualmente degradada, onde a nova unidade da USP será construída.

Integração

Com relação ao problema da integração entre as unidades o professor Leal acredita que dependerá muito de os alunos do grêmio politécnico e das outras unidades politécnicas integrarem os estudantes de Santos. “Se houverem festas conjuntas, eventos esportivos, atividades culturais, os alunos de Santos não ficarão isolados”.

Ele explica que os professores já tem um plano para manter integrados os novos alunos. “Não faz sentido duplicar os laboratórios que já existem em São Paulo no novo campus, então quem estuda lá terá aulas aqui”. O projeto já prevê a contratação de oito novos professores para este ano, cinco politécnicos e três de outros institutos. Ele diz que colocar professores de diferentes institutos no mesmo ambiente em Santos é uma idéia interessante para integrar os níveis de conhecimento.

Transferência imediata

Os alunos aprovados na Fuvest deste ano já irão para o campus de Santos. Aqueles que já começaram o curso no campus Butantã não serão afetados com a transferência. O número de vagas para 2012 continuará sendo dez, mas para 2013 já se espera um aumento para 50 vagas.

“Em 2012 ainda usaremos a infraestrutura da escola que está em Santos” conta Leal. O projeto de construção da nova unidade prevê uma duração de 390 dias para as obras de reforma. “Quando tudo já estiver consolidado e já tivermos construído os novos laboratórios poderemos aumentar o número de vagas”.