Falta na reposição de professores causa reclamações de alunos

A reposição parcial de docentes aposentados tem sido responsável pela supressão de disciplinas da grade curricular e motivo de protesto dos alunos em várias escolas da USP.

A FEA é vítima dessa política da universidade. O Centro Acadêmico discutiu a reforma do currículo de Economia para adequá-lo ao número atual de docentes. “Quando o curso surgiu tínhamos 120 professores, agora teremos metade disso” explica Thomas de Barros, diretor de comunicação do CA.

Ele conta que, apesar disso, o CA já aceitou a reforma na grade,sob uma condição: que o número de professores não caia abaixo dos 60 atuais. Ele acredita que o número anterior de docentes era muito grande se comparado a outros cursos da USP.

O diretor da FEA, professor Reinaldo Guerreiro, conta que o problema é que não existem vagas para cargos permanentes na faculdade. “Dependemos de professores temporários e de alguns aposentados que dão aulas voluntariamente por conta de vínculos com a universidade”, conta. O próprio diretor, que em tese não precisaria ministrar disciplinas, dá aula para ajudar o corpo docente.

Para solucionar o problema, Thomas acredita que é necessário discutir com a sociedade um modelo de universidade para a USP. “Os professores não podem dar mais aulas porque estão envolvidos em pesquisa. Se focarmos mais no ensino teremos perdas menores no quadro docente, mas será que a uma universidade cujo ponto forte é a pesquisa pode fazer isso?” questiona.

Em outros institutos

Maria Morita, membro do Centro Acadêmico de Filosofia da FFLCH conta que em alguns departamentos como o de Lógica há poucos professores. “Hoje só temos, na prática, um professor para duas disciplinas”.

Ígor Costa, do Centro Acadêmico das Ciências Sociais, explica que ano passado o curso de Ciências Sociais teve de fazer um abaixo assinado porque a disciplina sobre Marx tinha apenas um professor para duas turmas, sendo que a outra teria as aulas substituídas por palestras de diferentes estudiosos. O protesto resultou na contratação de um novo docente para o cargo.

Ígor acredita que o problema tenha sido o fim da regra do Gatilho Automático, segundo a qual, quando um professor se aposenta ou falece, imediatamente é aberto um concurso para a contratação de outro.