FEA inaugurará fundo social junto com nova biblioteca

No próximo semestre, os alunos da Faculdade de Economia e Administração (FEA) começarão as aulas com duas novidades: uma nova biblioteca e um fundo de endowment – ou fundo social –, tendência forte nos EUA e já adotada pela Escola Politécnica e pelo Centro Acadêmico XI de Agosto, da Faculdade de Direito

O que é endowment?

É um fundo em que doações de pessoas físicas ou jurídicas, como empresas ou ex-alunos, são investidas em aplicações de baixo risco, como o Tesouro Direto.  “Trata-se de um fundo que não destrói o principal, só consome a rentabilidade”, diz Wagner. A vantagem é que o rendimento, de cerca de 0,5%, recompõe a inflação do período e gera recursos de forma sustentável. A atividade surgiu com mais força na década de 50 nos EUA, a partir dos departamentos de desenvolvimento institucional e uniões de ex-alunos das universidades.

“Hoje estamos em processo de revisão do estatuto e depois oficializaremos no cartório, para assim estabelecermos nosso plano de negócios”, explica Wagner Cassimiro, gestor de Relacionamento e Captação da Faculdade. Ele explica que será uma organização separada, mas vinculada à FEA, que cuidará da captação e alocação dos recursos doados. Conselhos formados por diretores da Faculdade, presidente do Centro Acadêmico e consultores decidirão para onde e quanto será investido nas áreas de pesquisa e extensão, como bolsas, acervo, internacionalização e infraestrutura.

Aspectos ainda por decidir se referem à opção de direcionamento da doação por parte do doador (nos EUA, a universidade tem poder de escolha da finalidade de apenas 25% do montante) e a quanto o fundo deve chegar para se iniciar a utilização dos rendimentos, fatores que dependem dos conselhos e do capital arrecadado.

“Tentaremos estimular aquele doador fiel, que pode destinar apenas R$50 ao mês, mas o faz por bem mais tempo que aquele que entrega R$5 mil uma única vez”, explica Cassimiro. Doações em forma de herança não serão o carro-forte do fundo, mas serão igualmente analisados.

Além disso, a forma da instituição como fundação ou associação ainda não é consenso, embora, segundo ele, a primeira seja mais condizente com a proposta, por não supor interesses próprios de uma agremiação de pessoas, como ocorre no segundo.

Cassimiro também garante a transparência do processo. “Mostraremos os balanços no site, teremos um Conselho Fiscal e a curadoria máxima passa pelo Ministério Público”, diz. “Tudo faz parte de uma lógica para assegurar ao doador como seu dinheiro está sendo usado”.

“Nenhuma doação é de graça”

Paralelamente ao processo de criação do fundo endowment, foi criada uma campanha de arrecadação para a expansão física e modernização da biblioteca. A primeira custou R$ 6,6 bilhões (de recursos públicos mediante licitação) e a segunda, R$ 1,6 milhões até agora mais R$2 milhões esperados (da campanha de doação).

“Já tínhamos o projeto de renovação, mas com a doação de 250 mil livros de Delfim Netto em março, muito mais foi investido” relata Cassimiro, também coordenador desse projeto. O custo de receber essa doação foi de R$8,3 milhões (de recursos de empresas via Lei Rouanet), separados em: transporte dos livros, R$200 mil; colocar estantes, R$ 2 milhões; catalogação pelo Dedalus, R$ 1,7 milhões; sistema de identificação, R$ 2 milhões; e sistema de segurança e comunicação, R$ 2,4 milhões.