CoCEx recebe contraproposta de juniores

As empresas juniores (EJs) da USP entregaram sua contraproposta ao projeto de regulamentação das EJs, feito pelo Conselho de Cultura e Extensão Universitária (CoCEx). O documento, organizado pelo Núcleo USP Jr, questiona principalmente a orientação obrigatória dos professores e o oferecimento de créditos em atividades de Cultura e Extensão aos membros.

A regulamentação das juniores visa unificar as regras para todas as empresas da universidade. Segundo Igor Colombo, diretor administrativo do Núcleo USP Jr, a proposta da CoCEx já estava pronta em março. Na reunião marcada para discuti-la, os professores  adiaram a decisão por desconhecerem o assunto. Foi nessa época que o Núcleo USP Jr foi informado do projeto. Igor pontua que a proposta poderia ter sido aprovada sem que as juniores soubessem de sua formulação “Agora a Comissão de Cultura e Extensão está com a nossa contraproposta e prometeu ao Núcleo analisá-la o mais rápido possível”, diz ele. Procurada pelo Jornal do Campus, o Conselho de Cultura e Extensão Universitária não retornou o contato até o fechamento dessa edição.

As EJs se reuniram no dia 14 de abril para discutir a questão. “Não é que a proposta apresentada seja boa ou ruim, o que acontece é que ela foi feita por pessoas que não conheciam a realidade de uma empresa junior na USP. Então há pontos que não condizem com o que fazemos, e por isso propusemos mudanças”, diz Igor.

O artigo 6° é o que as juniores consideram o mais problemático. Ele propõe que todos os projetos de uma EJ devam ser orientados por um professor, que deve ter um cadastro na Comissão Especial de Regimes de Trabalho (CERT). Para Rafael Leite, presidente da Poli Jr, isso não é vantagem para um professor. “Eles utilizam a CERT para suas consultorias externas e recebem por isso. Por que ele vai usar a CERT para ajudar uma EJ, sendo que ele não vai ganhar por isso? Fora isso, essa medida supõe que as EJs usam os professores para fazer consultorias voltadas para o mercado, mas o que queremos é orientação acadêmica”. O professor Martinho Isnard Ribeiro de Almeida, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA), concorda. “Exigir a CERT só coloca um obstáculo a mais no desenvolvimento dos alunos. Os professores dão orientação por vontade própria, e exigir esse credenciamento dificulta isso”.

A CoCEx também sugere, no artigo 7° da proposta de regulamentação, que “os alunos que se interessarem pelas atividades da Empresa Junior e nela atuarem, podem receber créditos em disciplina de atividades de cultura e extensão”. Vivian Borali, presidente da Farma Jr, resume a preocupação das juniores a respeito desse artigo: “a proposta é interessante porque reconhece o trabalho dos membros, que não é pouco, mas ao mesmo tempo é perigosa porque num futuro pode ser que qualquer um entre na empresa só porque ela oferece créditos”. Como a maioria das juniores da USP selecionam seus membros através de processo seletivo, os alunos filiados poderiam ocupar um papel privilegiado por ganharem esses créditos. Para evitar que isso aconteça, tanto o presidente da Poli Jr quanto o professor da FEA sugerem que os créditos em atividades de cultura e extensão passem a contar também para participantes de outros tipos de entidades estudantis, como Centros Acadêmicos. “O que é inegável é que quem está em uma empresa júnior esta cumprindo horas de atividade extracurricular”, diz Martinho.

Na contraproposta entregue à CoCEx, o Núcleo USP Jr pediu que os créditos fossem contados como horas de estágio para os cursos que têm esse requisito. Para os que não têm, a participação em EJ contaria como atividade extracurricular.

O que algumas juniores apontam é que a proposta original é confusa na vinculação da USP com seus serviços, já que o artigo 8° diz que deve ficar claro nos contratos que a USP não é parte integrante do acordo, não se responsabilizando por eventuais acidentes de trabalho ou questões trabalhistas. No próximo artigo, entretanto, a universidade pede uma parte dos ganhos econômicos no desenvolvimento de patentes. A presidente da Farma Jr diz que para a sua empresa isso não é um problema. “Usamos um espaço público, tem coisas que são normais e devem ser acatadas, não tem como fugir disso, mas ao mesmo tempo o texto não deixa de estar confuso”.

Apesar das ressalvas ao texto original, o Núcleo USP Jr gosta da ideia de regulamentação para as EJs. Igor Colombo acredita que pelo fato de usarem um espaço público, é importante haver uma regulamentação para a atuação das empresas. “E isso ainda ajuda as próprias EJs, porque dá um pouco mais de voz perante a USP”. Os outros artigos da proposta da CoCEx tratam de medidas já adotadas hoje pelas EJs, como a necessidade de autorização da Unidade para que uma empresa possa funcionar e para que possa ser vinculada ao nome USP, além da necessidade de apresentar relatórios anuais com as atividades realizadas