Com VR para funcionários, só alunos bandejam

Apesar de reforma no Restaurante Universitário, finalizada em 2012, Reitoria justifica a restrição em função do aumento de 30% nas refeições servidas

Em seu último boletim USP Destaques (16/4), a Reitoria da USP anunciou que mais de 22 mil funcionários da Universidade receberão, a partir de junho, o Vale Refeição (VR) como benefício trabalhista. A partir do quarto dia útil do mês, os funcionários receberão R$ 24,00 por dia trabalhado. O Auxílio-Alimentação também será reajustado de R$ 510,00 para R$ 590,00 por mês.

Agora, funcionários técnico-administrativos, aqueles que têm vínculo com a USP, que trabalham dentro do campus também terão acesso ao benefício que já era dado àqueles que foram realocados para fora. O benefício será estendido para trabalhadores com jornada igual ou superior a 30 horas de trabalho, e para docentes ativos – que trabalhem em Regime de Dedicação Integral à Docência e à Pesquisa (RDIDP) e Regime de Turno Completo (RTC). Em compensação, o salário-base deverá ser deduzido em 20% do valor total do benefício.

Segundo Adriana Cruz, assessora de imprensa da Reitoria e quem assina o texto do USP Destaques, a medida tem três objetivos: universalizar os benefícios do funcionário USP, oferecer alternativas de onde comer e agilizar o atendimento dos Restaurantes Universitários (Bandejões) ao corpo discente. Isto porque os funcionários não terão mais direito aos preços mais baixos do Bandejão: “Os funcionários poderão almoçar no bandejão, mas não terão mais o subsídio para isso, ou seja, pagarão o valor integral da refeição”, diz Adriana. Hoje, um funcionário técnico-administrativo paga R$ 2,50 pelo ticket no bandejão; o valor integral é R$ 7,50. O Vale-Refeição, no entanto, não poderá ser utilizado em nenhum dos Bandejões.

Com restrição, apenas alunos podem usufruir tarifa subsidiada do bandejão (foto: Raphael Martins)
Com restrição, apenas alunos podem usufruir tarifa subsidiada do bandejão (foto: Raphael Martins)

Quando questionada sobre os gastos adicionais, a Reitoria afirma ainda que eles não afetaram o caixa da Universidade. Segundo Adriana não haverá demissões nem cortes de gasto pois todo o dinheiro adicional está previsto no orçamento geral.

Restaurantes

Sem acesso aos Restaurantes Universitários, os funcionários devem recorrer aos restaurantes já instalados no campus. Como a medida pressupõe uma necessidade de mais opções, o número de restaurantes na USP pode crescer.

No entanto, Adriana diz que a USP não tem nenhum tipo de planejamento para a inserção de novos restaurantes: “Não há planos de incentivo para isso, já que a entrada de novos restaurantes devem ser feitas por meio de licitações”.

Em levantamento feito pelo JC, a equipe constatou que quase todas as unidades da Cidade Universitária têm ao menos um restaurante ou quiosque. Em horários de pico as filas nesses lugares são comuns e não se sabe se eles conseguirão atender à nova demanda.

Entre os estabelecimentos que ainda não possuem o equipamento para ler cartões magnéticos e querem instalá-lo, ainda, há a possibilidade de aumento no preço de seus produtos caso a “maquininha” seja instalada.

A média de preço do self service entre os restaurantes visitados é de R$ 27,92 o quilo. Já a média do prato feito é mais baixa, fica em R$ 10,42.

Benefícios

Somados pela reportagem, os benefícios representarão um gasto de pouco mais de R$ 23,5 milhões mensais aos cofres da USP, cerca de 0,6% do orçamento total da Universidade previsto para este ano. Questionada pelo JC sobre quanto será o gasto adicional, a assessoria da Reitoria relata: “Não dispomos da informação no momento”.

Os benefícios atendem aos funcionários técnico-administrativos e professores do campus da USP, que passarão a receber R$ 590,00 mensais em Auxílio Alimentação. Antes, os professores e parte dos funcionários recebiam o benefício, que era de R$ 510,00 mensais. Aqueles que trabalham mais de 30 horas semanais também passarão a receber, a partir do quarto dia útil de cada mês, R$ 24,00 por dia trabalhado em Vale-Refeição.

Já os funcionários terceirizados, por não terem vínculo direto com a USP, ficam de fora da medida. Em holerites obtidos pela redação, foi verificado que as empresas que os contratam não oferecem qualquer benefício para alimentação – há casos em que Vale Transporte também não é oferecido. Os terceirizados recebem de 70% a 92% menos que os técnico-administrativos (veja infográfico na página 6). Para contornar o problema, muitos deles trazem marmitas de casa.

Orçamento e infraestrutura

Ainda na edição do USP Destaques, a Reitoria justifica a restrição da circulação nos bandejões exclusivamente a alunos em função do aumento de 30% das refeições servidas
ano passado.

Questionada pelo JC sobre a função das reformas nos bandejões, ocorridas entre ano passado e este ano, a assessoria da Reitoria informou que “Os espaços foram reformados, mas não foram ampliados” e que “Há projetos para a ampliação dos restaurantes [bandejões]”, sem, no entanto, oferecer mais detalhes.

A Superintendência de Assistência Social (SAS, antiga Coseas) não disponibilizou ao JC dados de 2011 e 2012 referentes ao orçamento dos bandejões e das reformas efetuadas no período.bsp;