Novos times femininos são formados na USP

Meninas se reúnem para integrar times de esportes predominantemente masculinos e pouco convencionais dentro da Universidade

A Liga Atlética Acadêmica de Comunicação e Artes (LAACA), organizadora dos Jogos Universitários de Comunicação e Artes (JUCA) anunciou que, na edição deste ano, o Rugby Feminino e o Xadrez estrearão como novas modalidades dos jogos. Ambas serão disputadas em caráter demonstrativo, não sendo contabilizadas na contagem geral de pontos.

Campanha da ECA para chamar atletas (foto: ECAtlética)
Campanha da ECA para chamar atletas (foto: ECAtlética)

A Associação Atlética Acadêmica Lupe Cotrim ECA-USP (ECAtlética) iniciou, então, uma campanha para formar um time de rugby da unidade e dizer às alunas que elas poderiam agora jogar o principal campeonato que a ECA disputa. “A ECAtlética reforçou a comunicação do lançamento do time feminino, e isso fez com que várias alunas me procurassem, apresentando interesse em conhecer o esporte e começar a treinar. Os treinos ainda estão bem tranquilos, estamos ensinando o básico para as meninas, mas pretendemos intensificá-los assim que houver uma estabilidade maior no número de atletas”, diz a mais nova Diretora de Modalidade da ECA, Sofia Soares.

Como todo time em formação, o rugby feminino da ECA tem que driblar vários desafios. “A principal dificuldade tem sido encontrar um horário no qual as meninas possam treinar. Atualmente, temos quase 30 meninas interessadas, mas muitas não podem treinar. Estamos avaliando a possibilidade de abrir um novo horário para atender a demanda”, conta Sofia.

A história é bastante parecida com o USP Rugby Feminino. Formado em agosto de 2008, o time passou por todos os processos inevitáveis pelos quais um time novo deve enfrentar. É o que Amanda Tiemi descreve: “No início tivemos diversas dificuldades, como poucas meninas treinando, falta de espaço para treinar, ausência de um corpo administrativo estruturado para apoiar o time”. A capitã reforça, ainda, uma dificuldade de que persiste até os dias de hoje: a falta de patrocínio. As atletas do USP Rugby são obrigadas a financiar inscrições dos campeonatos, viagens, material esportivo e uniforme, por exemplo.

USP Rugby Feminino está na ativa desde 2008 (foto: Raphael Martins)
USP Rugby Feminino está na ativa desde 2008 (foto: Raphael Martins)

Além de campeonatos universitários, as meninas participam atualmente de etapas do Circuito Brasileiro de Rugby Seven’s, do Circuito Paulista Feminino de Rugby VII, entre outros. Isso mostra que, depois de quase quatro anos de existência, o USP Rugby tornou-se referência no meio universitário e as meninas agem como tal.

Amanda conta que diversos times universitários têm como referência o USP Rugby: “Eles procuram o nosso apoio para se estruturarem no meio universitário e, assim como nós, participar de grandes campeonatos. Temos como princípio colaborar com o crescimento do esporte, apoiamos a formação de novos times e sempre procuramos nos manter em contato e fazer amistosos com outros times universitários”.

Mesmo depois de estruturado, o ideal é que o time se mantenha em bom nível e esse é um problema para qualquer time universitário. Seja pela renovação, com a entrada de calouros, ou com o fim da época de grande competições, o time sofre mudanças difíceis de contornar. “Esperamos que os treinos não enfraqueçam depois do JUCA. A nossa expectativa é que a presença da modalidade no inter divulgue ainda mais o esporte dentro do universo ecano, para que muitas meninas apareçam para treinar no segundo semestre. O rugby feminino pode, futuramente, tornar-se uma modalidade oficial do JUCA. E quando isso acontecer, queremos o time da ECA pronto para ir com tudo e ajudar na conquista do título”, diz Sofia.

A capitã do USP Rugby conta que, para trazer novas jogadoras, as meninas utilizam vários meios de divulgação: “Vamos às faculdades da USP na semana dos bixos, colamos cartazes e ultimamente recebemos muitos contatos por e-mail ou facebook em nossa página. Inicialmente as meninas que entravam eram amigas de jogadoras do time, hoje temos meninas que simplesmente viram um de nossos cartazes e resolveram aparecer nos treinos”. Segundo Sofia, é nesse ponto que a ECA quer chegar, em que as atletas apareçam por gosto e vontade de treinar.

Os treinos da equipe feminina de Rugby acontecem as terças, quintas e sextas no Cepeusp (foto: Raphael Martins)
Os treinos da equipe feminina de Rugby acontecem as terças, quintas e sextas no Cepeusp (foto: Raphael Martins)
Mais um em formação

Sem nenhuma outra equipe do gênero na USP, as meninas que se conheciam pelos campeonatos de futsal se juntaram para formar um novo time, o de futebol de campo. “A ideia surgiu de algumas atletas da EEFE, no final de junho de 2011, que gostariam de jogar futebol, inicialmente por um time da atlética da própria EEFE. O projeto morreu por número insuficiente de pessoas. Em outubro, sugeri abrir a ideia para todas as atletas da USP, assim como a seleção feminina de rugby”, conta Gabriela Nunes, coordenadora do time da USP.

Ela conta que o objetivo inicial foi abrir espaço e oportunidades para meninas que querem jogar e formar uma equipe em condições de jogar campeonatos, visto que há pouco espaço hoje em dia, na universidade. A divulgação foi facilitada pelas redes sociais e e-mails. Fora isso, Gabriela diz que o time deve muito ao “boca-a-boca” e iniciativa de todas as envolvidas em chamar novas meninas: “Atualmente estamos com uma média de aproximadamente 10 atletas por treino. No nosso grupo aberto no facebook, estão recebendo as notificações mais de 100 meninas”.

Segundo Gabriela, o Cepeusp pretende criar um campeonato previsto para o 2º semestre para que a seleção participe. “Só não está completamente confirmado, pois nosso projeto tem sofrido muitos altos e baixos com a presença e comprometimento das atletas”, diz ela.