Plano Diretor da FAU prioriza reforma do teto, mas há atrasos

Uma das prioridades do Plano Diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), é o reparo da cobertura do teto dos prédios localizados na Cidade Universitária e na rua Maranhão, que sedia os cursos de pós-graduação. Segundo o Conselho Curador da FAU, que elaborou o Plano em 2010, já existe um projeto e o processo de licitação está aberto. Caso não haja nenhum problema, concluída a licitação, as obras devem começar no início de 2013.

“Não houve interessados nas duas licitação abertas para essa obra, ela não está abandonada. Já passamos por uma série de debates técnicos em relação às soluções”, defendeu a professora Raquel Rolnik, membro do Conselho Curador. Segundo ela, primeiro foram feitas drenagens e tratamento das infiltrações para, agora, o concreto ser restaurado.

“A cobertura é imensa, é impossível fazer tudo de uma vez. Foram experimentados diferentes métodos de impermeabilização para comparar qual funciona melhor e o quanto ele exige de manutenção e gastos. A parte correspondente ao bloco das salas de aula e ao Estúdio 1 já recebeu tratamento, mas a parte mais difícil é o salão caramelo, porque ele tem o pé direito altíssimo”, explicou a professora Maria Lúcia Bresson Pinheiro, também do Conselho.

Para Fernando Túlio Franco, representante discente do Plano, a atual situação da FAU é um acúmulo de anos e anos de gestões que não se preocuparam em constituir uma política e cultura de manutenção adequada aos edifícios.

Teto da FAU recebeu testes de métodos diferentes de impermeabilização (foto: Carolina Santa Rosa)
Teto da FAU recebeu testes de métodos diferentes de impermeabilização (foto: Carolina Santa Rosa)
Plano Diretor

O objetivo do Plano é definir diretrizes para o uso dos espaços físicos e orientar a elaboração de reformas, reparos, restauros e ampliações em ambas unidades da FAU.

Segundo Raquel Rolnik, o problema dos prédios está também relacionado à dificuldade de gestão do patrimônio público no Brasil. “O modelo feito para zelar pela coisa publica e impedir corrupção tornou-se completamente travado e difícil. O próprio processo de gestão da USP é pensado para produzir ensino e pesquisa, mas não para fazer gestão do território. O problema é muito mais o processo decisório, daí surgiu a ideia de fazer um Plano Diretor”, explicou ela.

“Uma das maiores críticas era a arbitrariedade das reformas. A grande questão é quanto ao procedimento: como estruturar uma forma mais democrática de gerir e intervir nesses espaços?”, questionou Fernando.

Como solução, ficou a cargo do Conselho Curador participativo da FAU coordenar um processo de elaboração desse plano, a partir de uma constituição paritária, formada por cinco alunos, cinco funcionários e cinco docentes. “O processo é mais lento do que a gente gostaria, porque o Conselho e Plano são formas novas de trabalho, e inseri-las em uma estrutura muito rígida como a da USP, demora”, declarou a professora Maria Lúcia a respeito das constantes queixas dos alunos quanto demora das obras e a efetividade do Plano.

Escritório Oficina-Acadêmico

Atualmente, está em fase de experimentação o Escritório Oficina-Acadêmico, definido como uma das diretrizes do Plano Diretor, que visa gerenciar e realizar intervenções espaciais na FAU, com a participação de estudantes e professores em fusão com o atual Grupo Executivo dos Espaços Físicos (Geef), único órgão que respondia essas demandas, composto por engenheiros e arquitetos. “A partir de uma série de obras autoritárias que foram realizadas aqui, existe um anseio de tentar utilizar como método de ensino as próprias intervenções no prédio da FAU”, justificou Maria Lúcia.

Já existem bolsas para estagiários no Escritório Oficina- Acadêmico e alunos envolvidos na reforma dos banheiros da FAU Maranhão, da copa do prédio da Cidade Universitária e a elaboração de um mural onde serão publicadas as obras da FAU em andamento. Mas essas ações são experimentais e ainda não fazem parte da rotina da FAU.

Em complementação ao Escritório, há a disciplina Teoria de Restauro voltada para espaços da FAU. Em 2013 será oferecida uma disciplina interdepartamental, e o trabalho nela desenvolvido poderá ser oferecido à diretoria para execução das reformas.