Estudantes de graduação discordam de critérios de rankings

A Universidade de São Paulo ficou, pela segunda vez, em primeiro lugar no ranking de melhores universidades da América Latina. A pesquisa foi realizada no começo de junho pela QS Quacquarelli Symonds University Rankings, organização internacional de pesquisa educacional que avalia o desempenho de instituições de ensino, e leva em conta fatores como reputação acadêmica, média de artigos por professor, docentes com pós-doutorado e até impacto na internet.

Apesar de bem conceituada nas classificações internacionais, “é difícil saber quais são as aplicações práticas desses rankings, porque os critérios são extremamente abstratos e pouco pautados nos problemas das universidades para os estudantes. Na prática, o dia-a-dia dos estudantes não muda, já que esses rankings não mudam os investimentos para os cursos, a contratação de professores ou reformas curriculares que são necessárias em diferentes cursos”, diz Tatiane Ribeiro, estudante de jornalismo e representante do Diretório Central dos Estudantes (DCE).

Tatiane acredita que nenhum dos critérios contemplados pelo ranking recém divulgado avalia os cursos de graduação, que seriam o ponto de partida para a avaliação de uma universidade. “O ranking avalia os professores de acordo com as suas pesquisas, e não de acordo com a sua atuação na graduação”, complementa a estudante.

Entretanto, para o reitor João Grandino Rodas, “a melhora significativa da USP em termos de posicionamento global e regional comprova que estamos no caminho certo: preocupação crescente com a qualidade do ensino, pesquisa e extensão dos serviços à comunidade; interdisciplinaridade; coesão; e ênfase na internacionalização”. A assessora de imprensa da Reitoria, Adriana Cruz, diz que parte das classificações internacionais tem realmente preferência por critérios relacionados à pesquisa, mas “vários outros rankings também avaliam o ensino, a reputação acadêmica e a formação de profissionais”.

Assim como Tatiane, Tiago Aguiar, aluno da FEA e ex-integrante do Centro Acadêmico Visconde de Cairu (CAVC), discorda e acredita que a graduação é tradicionalmente ignorada. “Além da formação de profissionais, a formação é uma questão normativa que deve estar, no caso da universidade pública, a serviço da sociedade. A qualidade das aulas não é mencionada, o que leva a um grande paradoxo. Além disso, pluralidade de pensamento, qualidade e quantidade de extensão devem estar no cerne da avaliação”, conta.

Para Tatiane, o grande problema é o investimento baseado na visibilidade almejada e não nos cursos em si. “As universidades têm, cada dia mais, priorizado a produção científica em detrimento da formação do graduando, ao mesmo tempo que se torna cada vez menos acadêmica na graduação e cada vez mais mercadologizada”, afirma. “Para disfarçar essa política, usa-se esses rankings, o que é um grande absurdo. Enquanto isso, o meu curso segue com falta de equipamentos e professores. Essa é a realidade que vivemos na Universidade hoje”.


As 10 melhores universidades da América Latina

  1. Universidade de São Paulo (Brasil)
  2. Pontifícia Universidad Católica de Chile (Chile)
  3. Universidade Estadual de Campinas (Brasil)
  4. Universidad de Chile (Chile)
  5. Universidad Nacional Autónoma de Mexico (México)
  6. Universidad de Los Andes (Colômbia)
  7. Instituto Tecnologico de Monterrey (México)
  8. Unuversidade Federal do Rio de Janeiro (Brasil)
  9. Universidad de Concepción (Chile)
  10. Universidad de Santiago de Chile (Chile)

Fonte: QS Quacquarelli Symonds 2011–2012