Homenagem a tropicalista na FEA

A Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP recebeu, no dia 26 de outubro de 2012, a cerimônia de abertura da 9ª Mostra Internacional de Cinema Negro, organizada por seu fundador, o cineasta e professor de Antropologia da Universidade Federal do Mato Grosso, Celso Luiz Prudente. O evento também foi palco para uma homenagem e a entrega de uma estatueta “Ofó de xangô”, estilizada e concebida pelo artista Emanuel Araújo, ao poeta, compositor e ideólogo do movimento tropicalista, José Carlos Capinam, por suas contribuições para o cenário cultural brasileiro. Durante a homenagem, o poeta também foi saudado pelo compositor tropicalista Jards Macalé e o violonista Renato Piau. Grandes nomes como Paulinho da Viola, Gilberto Gil, Lázaro Ramos, Zezé Motta, Paulo Betti, Moacyr Franco, Tony Tornado, entre muitos outros, também já foram homenageados pela Mostra, em edições anteriores.
Celso Luiz explica que apesar de o evento ser denominado “Mostra”, ele é bem diferente dos outros, uma vez que visa a inclusão social através do cinema e não exibe uma grande quantidade de filmes. “Não se pode querer assistir a essa mostra, esperando uma programação com mesmo número de filmes que se costuma encontrar nas regulares e, sim, buscando perceber a densidade e representatividade daqueles que são exibidos”, comenta.
Para ele, o cinema negro traz a possibilidade de uma revisão crítica a um tratamento de marginalização que houve na imagem da africanidade, durante muito tempo, e também acredita que a reafirmação da africanidade é uma alternativa para a crise em que o mundo se encontra, provocada pela exaustão do pensamento ocidentalista que o governa, “pois ela se caracterizaria como um humanismo contemporâneo, tendo como base a cosmovisão africana que prega o respeito à biodiversidade”. De acordo com Celso, uma das maneiras pelas quais essa reafirmação se dá e é expressa, acontece por meio do cinema, da arte, da cultura.
O organizador da Mostra afirma que apesar de o evento levar o nome de Mostra Internacional do Cinema Negro, os filmes exibidos traçam a dinâmica de uma mostra bem mais ecumênica do que o nome sugere, pois ela abrange todas as formas de existência que não compartilham do pensamento ocidentalista, ou seja, atende aos pensamentos asiático, ameríndio e africano. “Hoje, nós tentamos recuperar a imagem da africanidade, por meio de um cinema que é restaurador de conceitos negados, que não é só do negro. Um processo de restauração humana”.
Sobre os cinco filmes programados para o período do dia 27 a 30 de novembro, Celso Luiz comenta que eles terão a finalidade de abrir um debate,para se pensar a importância da participação de jovens que nasceram no seio de uma juventude fora do processo de escolaridade e que desejam seguir seus estudos, sobretudo nas universidades públicas, na luta pela conquista das cotas e de outros direitos. Para saber mais informações sobre a programação, locais e horários de exibição dos filmes da Mostra Internacional do Cinema Negro, acesse o site: http://cinemanegro.com.br/

Estatueta do artista Emanuel Araújo (foto: Mariana Rosa)