Iniciativas da USP para receber estrangeiros têm problemas

A USP, que sempre enviou alunos para o exterior, agora também recebe muitos universitários de diferentes partes do mundo. Nunca se viu tantos estrangeiros nas salas de aulas. Em 2011, segundo dados do Sistema Mundus, foram 981 estudantes de instituições estrangeiras (levando em conta convênio de intercâmbio, curta duração e duplo diploma). Em 2012 o número subiu para 1200. No primeiro semestre de 2013, até o momento, são 705 estudantes.

Para que os alunos estrangeiros se integrem à comunidade USP, cada unidade toma medidas próprias. Vivian de Castro, chefe de serviço da Comissão de Cooperação Internacional da FFLCH conta que a Unidade faz uma reunião de recepção aos estrangeiros na qual falam sobre assuntos administrativos e acadêmicos. Além disso, é oferecido um curso chamado Aspectos da Cultura Brasileira, no qual o intercambista conhece um pouco sobre nossa cultura.

Outra forma encontrada para integrar os estudantes estrangeiros à comunidade universitária é o programa USP iFriends, criado em 2011 pela Vice Reitoria Executiva de Relações Internacionais (VRERI). A ideia é que alunos da Universidade recepcionem e ajudem os intercambistas com o que for necessário.

Conforme conta a VRERI, o programa está na quarta edição e sofreu algumas alterações em relação às antecedentes. “Nos programas anteriores os alunos estrangeiros precisavam se inscrever para participar do programa. Nesta nova edição, todos os estrangeiros estão automaticamente inscritos”. Este semestre, 774 estudante USP se inscreveram como voluntários. Cada uspiano pode escolher no máximo até três intercambistas.

França, Colômbia, Portugal, Espanha e Alemanha lideram lista de países que mais enviam estudantes para a USP. (Infográfico: Guilherme Speranzini / Dados: VRERI/ 1º semestre de 2013)
França, Colômbia, Portugal, Espanha e Alemanha lideram lista de países que mais enviam estudantes para a USP. (Infográfico: Guilherme Speranzini / Dados: VRERI/ 1º semestre de 2013)
Recepção

Um dos motivos pelo qual Marina Boldrim, aluna do quarto ano de Publicidade e Propaganda da ECA, se voluntariou este semestre para participar do iFriends foi seu interesse pela língua francesa. Por conta disso, ela escolheu três franceses para auxiliar. No entanto, até o momento, o programa não teve o retorno esperado pela estudante. “Houve uma estudante que nem me respondeu e com os outros dois o contato foi bem pequeno”, conta a jovem.

Os intercambistas também sofrem problemas. A estudante Ana Belén Aválos veio da Espanha, onde estudava Jornalismo e Comunicação Audiovisual na Universidad Carlos III de Madri. Chegou ao Brasil em julho de 2012 e se inscreveu no programa, mas na época não foi contatada nenhuma vez. Este semestre, no entanto, já recebeu vários emails de voluntários interessados em auxiliá-la. “Agora já me adaptei ao país, não preciso mais participar do programa”.

Um dos motivos do interesse de Ana em estudar no Brasil foi a oportunidade de trabalho que teria aqui. Por conta da crise européia seria mais difícil encontrar trabalho por lá. A estudante conta que, quando comentou com sua família e amigos espanhóis que já estava trabalhando, ninguém acreditou.

Constance Beri veio da França e faz parte do convênio de Duplo Diploma. Este semestre fará algumas optativas na FFLCH. Ela conheceu o Brasil em uma viagem pela Bahia em 2007 e a partir de então se interessou em estudar aqui. Outro motivo que a fez ingressar na USP foi a boa classificação da universidade nos principais rankings universitários. Vale lembrar que a USP ficou pelo segundo ano consecutivo entre as 70 melhores universidades do mundo, segundo publicação recente da renomada revista inglesa Time Higher Education. A maior dificuldade enfrentada pela francesa até o momento foi encontrar aulas de gramática e redação na universidade.