Nova política de segurança não foi discutida, segundo DCE

Os novos carros da Guarda Universitária (GU) com a sigla PPUSP já são vistos pelo campus, mas a sigla não diz respeito apenas às novas viaturas e sim à nova política de segurança da Superintendência de Proteção e Prevenção Universitária (PPUSP), gerida pelo coronel reformado Luiz de Castro Junior. De acordo com o superintendente, o novo nome se refere à orientação e adoção de comportamentos e procedimentos que contribuam para a construção de um ambiente de tranquilidade, salubridade, respeito à dignidade e segurança nas áreas de ensino, produção científica e convívio da comunidade universitária.

As viaturas da GU como se conhecem hoje, serão em breve equipadas com dispositivos de iluminação conforme regramento legal. Para isso o processo de licitação está em andamento. Castro Junior afirma que elas serão georreferenciadas assim que a rede wireless da USP passar a operar. Além disso, os funcionários receberão treinamento em Prevenção e Proteção Universitária,  em curso desenvolvido pela Superintendência junto a outras unidades. Esta forma de pensar a segurança na USP, entretanto, não excluirá a presença da Polícia Militar. De acordo com Castro os agentes de vigilância da PPUSP não dispõem do instituto administrativo do Poder de Polícia e não podem, portanto, realizar tarefas destinadas especificamente a órgãos como a Polícia Militar, Civil, ou Técnica Científica.

Foto: Gabriely Araujo

Na cartilha distribuída pela reitoria sobre esta nova política, consta a seguinte frase adaptada de Mikhail Gorbachev “A segurança é indivisível. Ou se constrói com a participação de todos e para todos, ou não há segurança para ninguém”. O diretor do DCE, Thales Carpi, no entanto, diz que não houve discussão com os estudantes a respeito do assunto e que só ficou sabendo da sigla por meio desta mesma cartilha, que segundo ele, fala da superintendência apenas de forma propagandista.

Quando questionado sobre a falta de discussão com a universidade a respeito das novas propostas o Superintendente diz: “Não se trata de discussão com a Universidade. Trata-se de uma mudança alicerçada num conjunto de valores e comportamentos que cristalizam a cultura de paz que se baseia no respeito à vida, na proteção da dignidade das pessoas, no respeito aos direitos humanos e aos fundamentos constitucionais, entre outros”. Em contrapartida,  o superintendente lembra que foram distribuídos 10.000 folhetos aos alunos ingressantes como forma inicial de cumprir o princípio da publicidade. E complementa: “Um novo site da Superintendência está em fase de finalização e será disponibilizado a todos, inclusive com possibilidade de interação da comunidade uspiana”.

Medidas de Segurança

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o superintendente citou a futura criação de plataformas elevadas para vigilância nos estacionamentos e nas entradas e saídas, além da instalação de cancelas para pedestres, nas entradas do campus para uso durante a noite. Quanto à implantação de catracas nas unidades ele esclareceu ao JC: “Esta é uma questão interna de cada unidade da USP. A Superintendência de Segurança respeita a autonomia administrativa de todos.”

A respeito destas restrições, o representante do DCE é categórico: “Nós sempre reivindicamos que a USP tenha uma forma de proteger seu patrimônio, mas nunca uma forma que interfira no seu caráter público”. Thales acredita que lugares com alta tecnologia, por exemplo, podem exigir identificação para que a entrada seja liberada, mas que locais comuns como as salas de aula, museus e áreas verdes devem ser de livre acesso. “Não nos identificamos para entrar, salvo engano, no Parque Ibirapuera, nem nas praças. Ninguém se identifica para entrar e utilizar a Praça da República”, diz Thales. Ele defende a ideia de que quanto maior a circulação de pessoas em um local, mais seguro ele será, mas acrescenta que outras medidas simples poderiam ser tomadas para melhorar a situação atual. Além da iluminação, que o superintendente confirma ser de máxima importância e diz estar em fase de licitação na prefeitura do campus, o diretor do DCE lembra que a demora e frota insuficiente de ônibus contribui para a sensação de insegurança que os alunos têm enquanto esperam nos pontos após o término das aulas noturnas.