Instituto de Ortopedia e Traumatologia completa 60 anos

Para comemorar seus 60 anos o Instituto de Ortopedia e Traumatologia (IOT) do Hospital da Clínicas (HC) fez uma exposição em homenagem a sua História. Ela se iniciou dentro do próprio instituto e a partir dessa semana se torna itinerante. O instituto é um dos mais movimentados do HC, sendo que hoje são realizados no local quase 17 procedimentos por hora, incluindo consultas, atendimentos no pronto-socorro e cirurgias.

A criação do IOT foi uma resposta a uma epidemia de poliomielite em 1953. Mas, mesmo antes de sua criação a seção no prédio principal do HC destinada ao assunto era sobrecarregada também por acidentados no trânsito e na construção civil.A inauguração de um prédio especializado foi autorizada pelo presidente Getúlio Vargas que perdeu um filho pela paralisia infantil.

Hoje um terço dos pacientes vem de acidentes do tráfego em São Paulo. Um levantamento feito pelo próprio IOT verificou que os amputamentos relacionados ao trânsito dobraram de 2011 para 2012. Segundo o coordenador do grupo de trauma,  Kodi Kojima, 80% dos pacientes sofreram acidentes com motos e ferem as partes inferiores do corpo. Cerca de 20% dos casos de esmagamento dos membros resultam em amputações.

O doutor Edson Takeda, do apoio clínico do IOT, também chama atenção para o aumento do número de idosos sendo internados, um reflexo do envelhecimento populacional. A dificuldade de tratar pacientes mais velhos é que eles chegam no hospital com múltiplos problemas, inclusive fora da área de ortopedia e traumatologia. Para isso foi criado um grupo geriátrico, o que, na opinião de Takeda, melhorou os prognósticos dos pacientes. Além disso, o HC tem a vantagem de sempre ter a disposição especialistas de outras áreas que podem ser chamados, se necessário.

Mudanças no setor da saúde pública

O doutor Edson Takeda trabalha no instituto a 32 anos e contou um pouco sobre as mudanças que ocorreram nesse período. Para ele, antes os médicos tinham mais tempo para se dedicar ao hospital e, mesmo com a rotina corrida, formavam vinculos mais fortes entre profissionais e com os pacientes. ‘Era como uma uma “grande família”‘. Já hoje ele sente que os médicos tem cada vez menos tempo e se tornam mais cansados.

Ele aponta diversas causas para esse problema. Uma delas é na vida atual se perde muito tempo no trânsito, o que também gera cansaso e estresse para os profissionais. Outra possível causa é os baixos salários do médico em instituições públicas,  o que os leva a procurar formas complementares de renda. Esses fatores estão presentes em hospitais públicos como um todo e são preocupantes. “Será que você vai confiar sua saúde em um profissional cansado? É algo a se pensar”

Ao mesmo tempo, a desconfiança do paciente também pode piorar o seu próprio prognóstico. Takeda explica que com a possibilidade de pesquisar a sua própria doença na internet a desconfiança cresce, pois além de trazer novas informações e questionamentos, a pesquisa gera pânico e insegurança. Um estado psicológico como esse pode afetar o desempenho do doente, e por isso que uma das preocupações do doutor é  se aproximar do paciente de forma que ele possa confiar em suas decisões.