Osusp consegue destaque apesar de dificuldades

Mesmo sem espaço para ensaios no campus e com escassez de profissionais, o conjunto musical expande suas atividades para além da Universidade

Há quase 40 anos a USP conta com uma orquestra profissional própria, a Orquestra Sinfônica da USP (Osusp). De 1975 para cá, ela se aperfeiçoou e ganhou novos instrumentos. Apesar de  não ter o número ideal de músicos contratados e de seu espaço de apresentações estar em  reforma, a Osusp conseguiu se destacar no meio musical, fazendo diversos concertos em palcos fora da Universidade.

A orquestra conta hoje com 42 músicos contratados, mas as peças musicais podem ser tocadas até por 100 profissionais. Edson Leite, diretor da Osusp, destaca um problema quanto à falta de músicos efetivos. Segundo ele, ao longo do tempo, a orquestra ganhou tamanho, mas com a participação de músicos extras, pagos para algumas apresentações. “A ideia é completar o projeto inicial da orquestra, que é ter uma sinfônica romântica capaz de tocar qualquer repertório”.

Infográfico: Mariane Roccelo

Todos os músicos profissionais da Osusp são registrados como funcionários da Universidade. O processo de contratação tem provas escritas e de aptidão, mas a abertura de vagas para a orquestra concorre com os outros setores da USP. “Acredito que seremos lembrados quando for o momento, pois nossa necessidade está bem documentada”,  diz Leite.

Outro problema que a Osusp enfrenta é a falta de um espaço próprio dentro do campus. Fechado desde fevereiro de 2012 para reforma, o anfiteatro Camargo Guarnieri era o local onde a orquestra se apresentava. “Quando ele estava funcionando, fazíamos concertos abertos para o público tanto da USP quanto externo”, lembra.

A Orquestra ensaia no teatro cedido pelo Colégio Santa Cruz, em Pinheiros. Já os concertos acontecem nos institutos e em locais fora da USP. Apesar de haver apresentações gratuitas, alguns espetáculos são cobrados. Segundo o diretor, a venda de ingressos é necessária para bancar espaços como o da Sala São Paulo. “Cobramos as assinaturas desses concertos, ou não teríamos como acomodar todas as pessoas”.

“Fazer cultura”

Segundo seu diretor, a orquestra foi criada para suprir uma necessidade da USP de tocar em solenidades e atender à parte cultural. Para ele, fazer música é fazer cultura, e as orquestras pertencem à tradição mundial das universidades.

Para que a Osusp tenha um diferencial, Leite ressalta que é importante trazer obras menos executadas, de vanguarda, e privilegiar os brasileiros, “para que a orquestra não faça somente o óbvio”.

O diretor destaca que a Osusp se consolidou como uma das melhores orquestras universitárias do país. Neste ano, ela foi convidada para ser a residente do Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão, feito inédito na história da orquestra. “A Osusp está num ponto em que tem que fazer viagens e solidificar suas relações com outros centros de cultura”, ressalta.

SESC E ORQUESTRA EM PARCERIA

Como parte do movimento da abertura da Osusp para além da comunidade USP, o regente principal da orquestra, Ricardo Bologna, a convite do SESC, idealizou o “Osusp Convida”. O projeto consiste em apresentações da sinfônica com cantores da música brasileira e terá sua primeira edição nos dias 31 de agosto e 1 de setembro no SESC Pinheiros. A convidada será a cantora  de MPB Roberta Sá.

O objetivo dessa série é juntar o público que gosta de música popular com os apreciadores da vertente clássica. “Queremos aproximar esse público não só à Osusp, mas a esse estilo musical”, ressalta o regente.

Embora os ingressos das duas datas já estejam esgotados, ainda não há previsão de outras apresentações. O espetáculo terá peças clássicas na primeira parte e a convidada virá em seguida. Para o regente, o diferencial do evento é que a orquestra também é colocada em primeiro plano e não funciona só como acompanhamento.

Segundo Bologna, não há mais preconceito com a música clássica, falta conhecimento ou oportunidade de se entrar em contato com o estilo, mesmo porque poucas rádios se dedicam a composições eruditas.

Para o regente, a causa do menor acesso à música clássica não é financeira, mas a formação do público brasileiro para esse tipo de música. Prova disso são os espetáculos gratuitos da orquestra, que não costumam ter lotação total. “Há ingressos de música clássica que são mais baratos que cinemas ou casas de show de música popular”.