Gestão Rodas acaba em mais uma greve

Durante os quatro anos que ficou à frente da reitoria, João Grandino Rodas colecionou diversas polêmicas. Embora tenha ficado em segundo lugar nas eleições, o então professor foi nomeado reitor por José Serra, governador de São Paulo na época. Foi a primeira vez, desde 1983, em que o professor mais votado não foi empossado.

O reitor recebeu ainda o título de “persona non grata” na Faculdade de Direito de onde foi diretor entre 2006 e 2009. Em 2011, assinou um convênio com a Polícia Militar para melhorar a segurança da Cidade Universitária.
Prestes a deixar a reitoria, Rodas vê o ranking THE (Times Higher Education) classificar a USP pelo menos 68 posições abaixo do que em 2012. Além disso, os estudantes estão em greve para exigir eleições diretas para reitor.

Ensino
No início de setembro, a USP alcançou a melhor colocação de sua história no QS World University Ranking. Com um salto de 12 posições em relação a 2012, a Universidade foi a a mais bem-posicionada da América Latina, na 127ª colocação.
A comemoração, entretanto, foi ofuscada pela acentuada queda no ranking THE. A USP, única brasileira listada entre as 200 melhores no ano passado, passou de 158º lugar para o grupo de 226º a 250º lugar. O editor da lista, Phil Baty, destacou a importância da internacionalização nas universidades brasileiras para melhorar os resultados.

Pesquisa
A USP alcançou, em 2011, a marca de 100 mil títulos de doutorado e mestrado, referindo-se apenas aos trabalhos registrados desde 1969. A reitoria implantou o Programa de Incentivo à Pesquisa, criando os NAPs (Núcleos de Apoio à Pesquisa), com ênfase na relevância e não na área do conhecimento a ser apoiada, segundo o pró-reitor de pesquisa, Marco Antonio Zago. Nos últimos dez anos, a Universidade tem sido responsável por até 26% da produção científica do Brasil, segundo dados recuperados de registros como Web of Science.

Internacionalização
Uma das propostas de Rodas ao ser nomeado reitor era aumentar a internacionalização da Universidade. Para isso, lançou o programa USP Internacional, que prevê a abertura de quatro núcleos – em São Paulo, Boston, Londres e Singapura – e a consolidação de parcerias com instituições do exterior, além de planos de intercâmbio para funcionários.
As oportunidades de intercâmbio para alunos também cresceram com o Programa de Bolsas, que auxiliou mais de 2 mil estudantes, segundo a reitoria. O projeto iFriends, criado para auxiliar alunos estrangeiros, foi menos bem-sucedido: a procura, em 2011, foi de apenas 19%, de acordo com a CCint (Comissão de Cooperação Internacional).

Segurança
Em maio de 2011, o aluno de Ciências Atuariais, Felipe Ramos de Paiva, foi assassinado em um dos estacionamentos da FEA. O episódio levantou a questão da falta de segurança dentro do campus, o que resultou na assinatura do convênio entre a USP e a Polícia Militar.
Entre as medidas, que valem até 2016, foram aprovadas a presença de 30 policiais, a instalação de duas bases móveis e um novo sistema de iluminação.
Após um ano do início do convênio, os casos de roubo na região caíram pela metade, segundo a PM, mas os casos de violência continuaram.
As obras do novo sistema de iluminação só tiveram início em maio, 20 meses após seu anúncio. As 7.000 luminárias de LED, porém, não dão prioridade aos pontos mais críticos, como a Rua do Matão e a Rua do Lago.

Paralisações
Logo no primeiro ano à frente da reitoria, Rodas enfrentou a primeira greve. Na época, os funcionários reivindicavam um aumento salarial de 16% mais R$ 200. 57 dias depois, os servidores encerraram a paralisação, sem conquistar o reajuste pedido.
A segunda paralisação aconteceu após a ocupação da reitoria de 2011 e a entrada da tropa de choque da Polícia Militar na Universidade para a reintegração de posse.
Os estudantes pediam a queda do reitor, a saída dos policiais do campus, a implementação de um programa paralelo de segurança e a libertação dos presos que invadiram a reitoria. A greve terminou em março de 2012.

Errata: na edição impressa do Jornal do Campus as verbas da gestão Rodas estão descritas em trilhões de reais, entretanto, os gastos correspondem a quantias em bilhões. Segue o infográfico corrigido.

 
Fonte: USP Transparência. Infográfico por Camila Berto Tescarollo.