Estudo do câncer tem nova linha de pesquisa

 A pesquisa correlaciona gene com a ativação da metástase, processo que desencadeia o espalhamento de tumores

Publicada na Revista Stem Cell, em setembro, pesquisa realizada por pós-doutorando da USP contribui para avanços no estudo de tratamentos de combate ao câncer. Cleidson de Pádua Alves, sob supervisão do professor do Departamento de Genética da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP), Wilson Araújo da Silva Júnior, foi o primeiro autor do artigo que correlaciona o gene Hotair, previamente conhecido, com a ativação da metástase. Segundo o professor, esse mecanismo é responsável por desencadear a disseminação de cânceres localizados pelo restante do corpo. O estudo foi realizado no Centro de Terapia Celular da FMRP e contou com a participação de alunos de mestrado, doutorado e também da pesquisadora da Unesp, Valéria Valente.
Wilson explica que o Hotair tem a função de ativar o mecanismo de transcrição epitélio-mesenquimal (EMT, sigla em inglês), sendo importante para vários processos naturais, como a regeneração de tecidos e desenvolvimento de órgãos, “mas quando ativado em células tumorais está relacionado com a metástase, mecanismo que dissemina o câncer pelo organismo, dando origem a tumores secundários”. Os estudos foram realizados em diferentes linhagens tumorais, para garantir a validade da pesquisa e demonstrar que independentemente da origem tecidual do câncer o Hotair é requerido para ativar a EMT. “Inibir a ação do gene seria, então, um passo importante para controlar os tumores localmente”.
O professor destaca que existem outros genes envolvidos no processo de metástase e que o desenvolvimento de uma droga para auxiliar no combate ao câncer é parte de uma trajetória lenta e, por sua vez, longa. No entanto, ele ressalta que o estudo traz informações que podem ajudar a nortear novas linhas de pesquisa no futuro. A descoberta da relação entre o gene Hotair e a metástase levou três anos de estudos in vitro para ser publicada, sendo que o próximo passo será a realização de testes in vivo, em animais.